O cervo bactriano (Cervus elaphus bactrianus), também conhecido como cervo-de-Bukhara ou hangul, é uma subespécie de cervo vermelho encontrado nas planícies da Ásia Central. Habita predominantemente margens de rios e várzeas com matas ciliares. Quando as condições do habitat são boas, o cervo-de-Bukhara permanece dentro de áreas definidas e não percorre grandes distâncias. No entanto, durante as condições ambientais adversas, como secas e inundações, é forçado a migrar em busca de um habitat melhor.
Cervo-de-Bukhara é um dos
maiores cervídeos do mundo
O cervo bactriano é um
cervo grande e forte, um dos maiores cervídeos do mundo, com peso médio de 350
kg e altura média de 1,6 metros nos ombros e 2,4 m de comprimento. Os machos
são maiores que as fêmeas e possuem chifres longos e curvados. Eles têm uma
pelagem marrom-acinzentada com manchas brancas e uma crina escura na parte
inferior do pescoço. Esses cervos são animais solitários, exceto durante a
época de acasalamento.
Seu habitat predileto são as
matas ciliares que margeiam os rios
O cervo-de-Bukhara só ocorre
naturalmente ao longo do rio Amu Darya, rio Syr Darya e seus afluentes no
Afeganistão, Cazaquistão, Tajiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão. Habita
predominantemente a Floresta Tugai, que é uma floresta composta por matagais
lenhosos e arbustivos ao longo das margens de rios e várzeas de áreas
semiáridas e desérticas.
Esforços de reprodução foram
fundamentais para a conservação do cervo
O cervo bactriano já foi
um dos mamíferos mais ameaçados da Terra. Em 1999, havia apenas 400 na
natureza. Desde então, os programas de restauração e reintrodução de habitat
aumentaram seus números, mas ainda enfrentam ameaças de caça furtiva, caça e
destruição de habitat, de modo que os esforços de reprodução se tornaram muito
importantes para a conservação deste animal.
As ações de conservação
conseguiram recuperar a população dos cervos bactrianos
A população global de cervos
bactrianos experimentou sérias flutuações durante a segunda metade do
século 20. Na década de 1950 desapareceu da bacia de Syr-Darya. Até a década de
1960, o número de cervos bactrianos caiu para 350-400 indivíduos, devido
a inúmeras ameaças antropogênicas, e limitava-se a santuários de vida selvagem.
No entanto, com a constituição de reservas especiais e introdução do animal
para várias outras áreas adequadas dentro da antiga União Soviética, o número
de cervos bactrianos aumentou para 900 animais na década de 1980,
seguido por uma queda para 350 indivíduos após a dissolução da União Soviética.
Graças ao sucesso das ações de conservação na maior parte de seu alcance, a
população de cervos bactrianos se recuperou para uma estimativa de 1.900
animais de vida livre em 2011.
Organizações naão-governamentais
contribuem para o Programa de Restauração e Conservação do cervo-de-Bukhara
O WWF
Rússia é uma das organizações que mais tem se empenhado na conservação do cervo-de-Bukhara
desde 1999 com um projeto conhecido como Conservação e Restauração de veados-de-Bukhara,
que obteve como resultado político, em
2002, o entendimento das nações, que originalmente tinham populações do cervo,
fato este que ocorreu no âmbito da Convenção
sobre a Conservação das Espécies Migratórias de Animais Selvagens (CMS). Desde o desenvolvimento do Programa de Trabalho para
o Cervo de Bukhara (2021-2026) do CMS, o Programa da Ásia Central do WWF,
em cooperação com agências e especialistas de governos nacionais, tem
trabalhado na implementação de medidas de alta prioridade, com o objetivo de
reassentar Cervos-de-Bukhara. Essas atividades contribuem para reduzir a
superpopulação de algumas reservas, onde o número de animais excede a
capacidade de suporte do habitat e permitirá que o cervo-de-Bukhara
recolonize seus antigos habitats.
Programa
de Restauração e Conservação do cervo-de-Bukhara foi prorrogado até 2026
No mês de outubro de 2020,
representantes de governos, organizações não governamentais (ONGs) e
especialistas se reuniram e concordaram com um novo plano de conservação
quinquenal para o cervo-de-bukhara que envolve os anos de 2021-2026. O
programa, que ocorre no âmbito da Convenção sobre a Conservação das Espécies
Migratórias de Animais Selvagens (CMS), denominado de Restauração e
Conservação do cervo-de-Bukhara, foi avaliado juntamente com um relatório
detalhado sobre o estado atual da espécie. Participaram do encontro países que
historicamente possuíam populações do cervo, como Cazaquistão, Tajiquistão,
Turquemenistão, Uzbequistão e Afeganistão, além do Conselho Internacional para a Conservação
da Caça e da Vida Selvagem (CIC) e o WWF Rússia.
Reintroduções da subespécie
tem sido bem sucedidas e estabilizaram a população do cervo
O relatório apontou que a
situação do cervo-de-Bukhara se estabilizou, com muitas populações em
crescimento ou estabilidade. A reintrodução da espécie em sua antiga área de abrangência
histórica foi bem sucedida, com o número de animais aumentando de 350 em 2002
para cerca de 3.500 em 2020, incluindo aqueles que vivem em estado semi-selvagem
(os que vivem em estado selvagem são cerca de 1.430). No entanto, o cervo-de-Bukhara
ainda enfrenta muitas ameaças, como a degradação e fragmentação das matas
ciliares em suas principais bacias hidrográficas, a superpopulação local e as
ameaças de caça furtiva, além de poucas opções para expandir seu alcance e se
estabelecer em novas áreas. O programa de trabalho busca enfrentar esses
desafios por meio de ações como a restauração e reconexão do habitat, incluindo
a floresta sustentável e o gerenciamento da água, a investigação científica, a
cooperação internacional, a reprodução em cativeiro e reintrodução, além de
medidas específicas por país.
O maior número de cervos bactrianos
é encontrado no Uzbequistão, onde eles são transfronteiriços com o
Turquemenistão. Nesse local ocorrem nas três áreas protegidas, a Reserva
Natural do Estado de Badai-Tugai, a Reserva Natural do Estado de Kyzylkum e a
Reserva Natural do Estado de Zeravshan. Após a reintrodução no Cazaquistão, a
espécie é encontrada na concessão de caça de Karatchingil, no Parque Nacional
Altyn-Emel e na região do Turquestão.
Maior ameaça à sobrevivência
dos cervos são atividades humanas, em seguida a predação por lobos
As atividades humanas extensivas
ameaçam a sobrevivência dos cervos bactrianos, que sofrem com perda de
habitat, caça, comércio de animais de estimação e outras atividades. Além dos seres
humanos, o lobo é o predador mais perigoso que a maioria dos veados da Ásia
Central enfrenta, seguido por ursos pardos, dholes e leopardos da neve,
enquanto que lince euroasiático e javalis às vezes atacam filhotes. A
competição com o gado pelo pasto, juntamente com o risco de doenças, é uma
ameaça significativa para os cervos-de-Bukhara. Isso é agravado pela
escassez de habitats adequados e pelo aumento da interação com humanos e gado.
A fragmentação do habitat e barreiras físicas, como cercas e estradas, também
limitam o movimento dos cervos e aumentam o risco de endogamia entre
populações isoladas, diminuindo a variabilidade genética.
Fontes:CMS
(1), CMS
(2), CMS
(3), CMS
(4), CMS
(5), DSG
Newsletter, RedBook-CZ,
WWF-Ru,
Camca, The
Astana Times, WCS, Earth.com,
Icneotropical, Animalia
Fotos: Cervo Bactriano_Natalia Marmazinskaja e segunda foto: Cervos bactrianos_ no Cazaquistão_WWF-Ru