Vulnerabilidade do bugio-de-mãos-ruivas-de-spix ressalta a necessidade de aumentar esforços na preservação da biodiversidade amazônica

O bugio-de-mãos-ruivas-de-Spix (Alouatta discolor) também conhecido como guariba-de-mãos-ruivas-de-Spix ou bugio-de-mãos-vermelhas é um primata amazônico que habita as terras firmes de várzea e floresta tropical sazonalmente inundada, pântanos de palmeiras e florestas secundárias dos estados do Mato Grosso e Pará. Ocorre ao longo da margem sul do rio Amazonas, desde a margem direita dos rios Tapajós e Juruena até os rios Xingu e Iriri; estende-se a leste do rio Xingu, próximo à sua foz até a Ilha do Gurupá.

Essa espécie possui todo o corpo de pelagem negra, com mãos, pés, ápice da cauda e dorso de coloração ruiva ou castanho-avermelhada e vive em grupos de 4 a 11 indivíduos. O macho adulto pesa em média 7,2kg, enquanto a fêmea adulta pesa 5,5 kg. A dieta do bugio-de-mãos-ruivas-de-Spix é composta principalmente por frutos, sendo considerado o bugio mais frugívoro. No entanto, nos meses mais secos, a espécie se alimenta predominantemente de folhas jovens.

Se as taxas de desmatamento e a construção de rodovias continuarem a espécie se encontrará em grave risco de extinção

Embora relativamente comum em grande parte de sua distribuição geográfica, o bugio-de-mãos-ruivas-de-Spix é considerado vulnerável devido à perda de habitat adequado e à pressão contínua de caça. A espécie também é suscetível a surtos de doenças, como a febre amarela. Estima-se que suas populações diminuíram em 30% nas últimas três gerações e as projeções indicam que cerca de 100 espécies de mamíferos na Amazônia brasileira perderão mais de 40% de seu habitat de floresta tropical dentro de áreas protegidas e cerca de 80% fora dessas áreas até o ano de 2050, caso as taxas atuais de desmatamento e construção de rodovias continuem. Aproximadamente 60% das áreas de distribuição de primatas amazônicos estão fora de áreas protegidas.

Expansão agrícola aumenta o desmatamento e diminui as chances de sobrevivência do bugio

As principais ameaças à sobrevivência do bugio-de-mãos-ruivas-de-spix incluem o desmatamento impulsionado pela exploração madeireira, a agricultura (principalmente a expansão da soja), a pecuária, a mineração, a expansão dos assentamentos rurais e o desenvolvimento de duas grandes rodovias - a rodovia Cuiabá-Santarém percorre sua faixa no sentido norte-sul e a Rodovia Transamazônica no sentido leste-oeste. Além disso, essas estradas representam o risco de fatalidade por colisão de veículos. A espécie também é fortemente caçada (tanto comercialmente quanto para subsistência).

O bugio-de-mãos-ruivas-de-spix está presente em várias áreas protegidas

A lista vermelha da IUCN classifica Alouatta discolor como vulnerável (VU). A espécie é encontrada em áreas protegidas como a Floresta Nacional do Tapajós, Parque Nacional do Jamanxim, Floresta Nacional de Itaituba I e II, Floresta Nacional de Altamira, Área de Proteção Ambiental do Tapajós, Floresta Nacional do Jamanxim, Floresta Nacional do Trairão e Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio, além da Reserva Particular do Patrimônio Natural do Cristalino, no Mato Grosso. O bugio-de-mãos-ruivas-de-Spix também ocorre ao longo da margem sul do rio Amazonas, desde a margem direita dos rios Tapajós e Juruena até os rios Xingu e Iriri, estendendo-se a leste do rio Xingu, próximo à sua foz até a Ilha do Gurupá, e está presente no interflúvio Juruena-Teles Pires.

Aumento de reservas florestais e da conscientização da população podem assegurar um futuro para a espécie

A preservação do habitat natural do bugio-de-mãos-vermelhas-de-spix é essencial para garantir a sobrevivência dessa espécie ameaçada. A criação de novas áreas protegidas e o cumprimento da legislação que exige reservas florestais em terras privadas podem ajudar a reduzir as ameaças à sua sobrevivência. A conscientização da população local sobre a importância da conservação e a proibição da caça comercial também são fundamentais para garantir um futuro para o bugio-de-mãos-ruivas-de-Spix e outras espécies da Amazônia.

Cooperação entre governos, ONGs, empresas e comunidades é fundamental na conservação da biodiversidade

Além disso, a cooperação entre governos, empresas, organizações não governamentais e comunidades locais é fundamental para garantir o desenvolvimento sustentável e a conservação da biodiversidade na região amazônica. A implementação de práticas agrícolas sustentáveis e a redução do desmatamento ilegal são ações que podem ajudar a proteger o habitat natural do bugio-de-mãos-vermelhas-de-spix e outras espécies ameaçadas da região.

Fontes: Anais do III Cobicet, IUCN, Animalia.bio, Observation.org, AMDA, DBPedia, BioExplorer, Alchetron

Fotos: Bugio-de-mãos-ruivas-de-spix_by Rich Hoyer e segunda foto: Bugio-de-mãos-vermelhas-de-Spix_ by Jéssica dos Anjos