O macaco-barrigudo-prateado (Lagothrix
poeppigii ou Lagothrix lagothricha poeppigii), também
conhecido como macaco-barrigudo de Poeppig ou macaco-lanoso vermelho, é uma
subespécie do macaco-barrigudo comum da América do Sul. Nomeado em homenagem ao
zoólogo alemão Eduard Friedrich Poeppig, o primata é encontrado no Brasil,
Equador e Peru.
Características biológicas
O macaco-barrigudo-prateado
vive em florestas tropicais maduras de dossel fechado, preferindo habitats
primários e sendo intolerante a alterações no ambiente. Esses primatas formam
grupos multissexuais que variam entre 20 e 25 indivíduos, mas registros indicam
grupos menores, de 10 a 23 indivíduos, em algumas regiões. A dieta consiste
predominantemente de frutas maduras ou quase maduras, representando entre 64% e
89% de sua alimentação. Eles também consomem outras plantas e pequenos animais.
Os macacos passam cerca de 17% do dia em busca de alimento, frequentemente em
grandes grupos. Durante a alimentação, costumam cuspir sementes para consumir
apenas a polpa, desempenhando um papel importante na dispersão de sementes.
Distribuição geográfica e população
A distribuição geográfica do macaco-barrigudo-prateado
abrange o sul do Rio Solimões e o oeste do Rio Juruá, nos estados do Acre e
Amazonas, estendendo-se ao Peru e Equador, até altitudes de 1.800 metros nos
Andes equatorianos. Embora a extensão de sua ocorrência ultrapasse 20.000 km²,
a área efetiva de ocupação é desconhecida. A densidade populacional exata
também é incerta, mas estimativas sugerem grupos de até 25 indivíduos no
Equador. A caça intensa no Peru e Equador é uma ameaça significativa, mas não se
sabe se influencia diretamente as populações brasileiras.
Ameaças
O macaco-barrigudo-prateado enfrenta
severas ameaças devido à caça e à perda de habitat. A caça é
motivada pelo tamanho corporal do animal, sua carne, considerada saborosa, e o
uso da gordura em práticas culinárias e medicinais. Muitos são capturados como animais
de estimação, especialmente filhotes, frequentemente adquiridos após a
morte da mãe. Nos mercados de Iquitos, a carne do macaco é vendida ilegalmente.
Além disso, a expansão da matriz rodoviária no Acre e o aumento do uso
de armas de fogo em terras indígenas têm facilitado o acesso às
populações remotas desses primatas. Estima-se que as populações tenham
diminuído em pelo menos 30% nos últimos 45 anos devido a esses fatores.
Status de conservação
O macaco-barrigudo-prateado está
classificado como em perigo (EN) na Lista Vermelha da IUCN e incluído no
Apêndice II da CITES, o que regula seu comércio internacional. Ele é protegido
em diversas áreas de conservação no Brasil, incluindo o Parque Nacional da
Serra do Divisor, a Estação Ecológica Jutai-Solimões e a Área de Relevante
Interesse Ecológico Javari-Buriti. No Equador, está presente nos Parques
Nacionais Podocarpus, Sangay, Sumaco Napo-Galeras e Yasuni. No Peru, ocorre na
Reserva Nacional Pacaya-Samiria e na Área de Reserva Comunal Tamshiyacu
Tahuayo. Contudo, a efetividade dessas medidas de proteção enfrenta desafios
devido à pressão humana contínua.
O macaco-barrigudo-prateado é
mais um exemplo emblemático da biodiversidade da Amazônia, mas enfrenta um
futuro incerto devido às ameaças crescentes à sua sobrevivência. A caça, a
perda de habitat e a limitada tolerância a modificações ambientais
reforçam a necessidade de esforços de conservação mais robustos. A proteção
desse primata depende de uma abordagem integrada que inclua a ampliação das
áreas protegidas, a fiscalização das atividades ilegais e a sensibilização das comunidades
locais.
Fontes: TreatmentBank, Plos.One, International Journal of Primatology, Mammal Watching, Earth’s Endangered Creatures, Mamíferos del Ecuador, ICMBio, Biodiversity4all, Gbif, New England Primate Conservancy
Fotos: Macaco-barrigudo-prateado_by Juan E. Yèpez C e segunda foto: _by randyvickers e imagem da distribuição geográfica do macaco-barrigudo-prateado.