O urso negro do Baluchistão (Ursus thibetanus gedrosianus) é uma subespécie do urso negro asiático, habitando regiões montanhosas do Baluchistão, localizadas no sudoeste do Paquistão e sudeste do Irã. Essa espécie enfrenta sérias ameaças à sua sobrevivência devido à degradação ambiental e atividades humanas.
Características físicas e comportamento
O urso negro do Baluchistão é
uma das menores subespécies do urso negro asiático. Os machos pesam
entre 100 e 200 kg, enquanto as fêmeas variam de 50 a 125 kg. Seu comprimento
corporal varia de 120 a 190 cm, com altura de ombro entre 70 e 100 cm. A
pelagem curta e áspera apresenta tons que vão do preto profundo ao marrom
avermelhado, adaptando-se ao clima quente da região. Uma marca branca em forma
de crescente no peito e um queixo branco são características distintivas.
Com garras longas e orelhas
proporcionalmente grandes, o urso negro do Baluchistão possui excelente
habilidade de escalada, essencial para sua dieta frugívora e onívora. Além de
frutas, como figos e azeitonas indianas, eles consomem bagas, insetos, pequenos
mamíferos e carniça. Esse comportamento alimentar desempenha um papel vital na
dispersão de sementes e manutenção do equilíbrio ecológico.
Habitat e distribuição
Historicamente, o urso negro do
Baluchistão era encontrado em toda a região montanhosa do Baluchistão,
abrangendo partes do Paquistão, Irã e Afeganistão. Atualmente, sua presença
está limitada às colinas e cadeias de montanhas mais altas no sudoeste do
Paquistão e sudeste do Irã, como nas províncias de Kerman, Hormozgan e
Sistan-Baluchistão.
Essa subespécie habita altitudes
entre 500 e 2.700 metros, preferindo áreas florestais e montanhosas com
vegetação arbustiva. No Paquistão, são frequentemente avistados nas colinas de
Khuzdar, embora o tamanho da população seja muito reduzido. A densidade
populacional no Irã também é baixa, com registros de avistamentos esparsos.
Ameaças à sobrevivência
O urso negro do Baluchistão
enfrenta múltiplas ameaças, tanto diretas quanto indiretas. Entre os fatores de
risco estão:
- Perda de habitat: A extração ilegal de
madeira, o crescimento populacional humano, a expansão urbana, a
construção de rodovias e a instalação de usinas de energia têm fragmentado
os habitats naturais dessa subespécie.
- Conflitos com humanos: Pastores locais
frequentemente culpam os ursos por ataques ao gado, resultando em caça
retaliatória. Além disso, a expansão de áreas agrícolas, como jardins e
colmeias, em ambientes naturais aumenta os confrontos.
- Caça furtiva: Os ursos são mortos por partes
de seu corpo, como vesículas biliares, utilizadas na medicina tradicional.
A prática de caça de ursos para circos, embora proibida, ainda ocorre
ilegalmente.
- Degradação ambiental: A competição por
recursos naturais devido à expansão humana tem causado uma escassez de
alimentos, obrigando os ursos a se aproximarem de áreas habitadas, onde
enfrentam maiores riscos de mortalidade.
Desde 2016, cerca de 80 mortes foram
registradas nas províncias onde a espécie é encontrada, muitas vezes causadas
por disparos diretos em situações de conflito.
Importância ecológica
Como uma espécie guarda-chuva,
o urso negro do Baluchistão desempenha um papel crucial na preservação
de seu ecossistema. Sua presença ajuda a regular a dinâmica populacional de
outras espécies, além de garantir a dispersão de sementes e a fertilização do
solo. A remoção dessa subespécie pode causar desequilíbrios severos no
ecossistema local.
Esforços de conservação
O status de conservação do urso
negro do Baluchistão é crítico, sendo classificado como "criticamente
ameaçado" no Paquistão. No Irã e no Paquistão, várias iniciativas têm sido
implementadas para proteger essa subespécie, incluindo:
- Estabelecimento de áreas protegidas: Parques
nacionais, como o Parque Nacional de Bamu, e refúgios de vida selvagem,
como o Kuh-e Bazman, foram criados para preservar habitats.
- Legislação: No Irã, leis proíbem a caça
furtiva e práticas como a exploração de ursos para circos.
- Campanhas de conscientização pública: Ações
educativas têm engajado comunidades locais na proteção do urso
negro do Baluchistão.
- Monitoramento e manejo de conflitos:
Programas voltados à convivência harmoniosa entre humanos e ursos estão em
desenvolvimento, promovendo alternativas sustentáveis ao uso do
território.
O urso negro do Baluchistão é
uma subespécie fascinante e um componente vital da biodiversidade das regiões
que habita. No entanto, a combinação de degradação ambiental, caça furtiva e
conflitos com humanos ameaça gravemente sua sobrevivência. A proteção desse
urso não apenas preserva uma espécie em risco, mas também contribui para a
conservação de ecossistemas inteiros. Esforços conjuntos de governos, ONGs e comunidades
locais são indispensáveis para garantir um futuro mais seguro para essa
subespécie.
Fontes: Bear Conservation, Acta Ecologica Sinica, Inaturalist, Iran’s Metropolises New Agency –
IMNA, Earth.com, Walking in Iran, Domain of the Bears
Fotos: Urso Negro do Baluchistão_IMNA e segunda foto:Urso Negro do Baluchistão_ by Hassan Pishvaei