O macaco titi do Rio Mayo (Plecturocebus oenanthe ou Callicebus oenanthe), também conhecido como macaco titi de San Martín e macaco titi andino é uma espécie de primata endêmico do nordeste do Peru, especialmente na região de San Martín, no vale do Rio Mayo. Classificado como Criticamente Ameaçado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), o macaco titi enfrenta um alto risco de extinção devido à perda e fragmentação de seu habitat, bem como pela caça e pelo comércio ilegal.
Características biológicas e comportamento
Descrito pela primeira vez em 1924,
o macaco titi do Rio Mayo possui uma aparência marcante e algumas
características únicas de comportamento. Uma de suas características
distintivas é a presença de um anel de pelos brancos ao redor do rosto. No
entanto, estudos recentes realizados pelo Stump Monkey Project indicaram que há
uma considerável variação na coloração dos indivíduos. Enquanto alguns
apresentam o anel branco bem destacado, outros exibem colorações mais escuras,
com tons avermelhados e sem o anel facial. Essas variações sugerem uma possível
correlação entre a coloração e a distribuição geográfica da espécie, o que pode
indicar a influência do ambiente nas suas características físicas.
Quanto ao comportamento, o macaco
titi do Rio Mayo é discreto e monogâmico, vivendo em pequenos grupos
familiares de três a sete indivíduos. São altamente territoriais e defendem seu
território contra intrusos por meio de vocalizações. A gestação dura
aproximadamente cinco meses, resultando no nascimento de um único filhote por
vez. O cuidado parental é compartilhado entre o casal, e os filhotes permanecem
com a família por cerca de dois a três anos antes de formarem seus próprios
grupos. Esses macacos são mais ativos durante o dia e passam grande parte do
tempo nas árvores, onde se dedicam a atividades de forrageamento e limpeza
mútua. Extremamente ágeis, eles conseguem se deslocar facilmente entre os
galhos.
Distribuição e habitat
O habitat natural do macaco titi
do Rio Mayo inclui florestas secas e secundárias próximas a fontes de água,
localizadas em altitudes entre 750 e 950 metros, nos sopés dos Andes. Estudos
indicam que a preferência por esses habitats se deve à presença de vinhas e
outras plantas que compõem sua dieta. No entanto, a destruição florestal para a
expansão agrícola tem levado a uma significativa fragmentação desse
habitat. Estima-se que 60% da área original já foi destruída, restando apenas
pequenas áreas florestais isoladas e degradadas. Esta redução extrema tem
causado uma drástica limitação de espaço, essencial para a manutenção das
populações e para a troca genética entre os grupos.
Dieta e comportamento alimentar
A dieta do macaco titi do Rio Mayo é
composta principalmente por frutas, folhas, sementes e pequenos insetos.
Estudos revelam que aproximadamente 54% de sua dieta é composta por frutas,
seguidas de 22% por insetos, enquanto o restante é composto por folhas,
meristemas, flores e sementes. Este primata demonstra habilidades notáveis na
captura de insetos, com uma taxa de sucesso de 83%, um aspecto crítico para sua
sobrevivência em períodos de escassez alimentar. A versatilidade na dieta
contribui para a adaptação a diferentes condições ambientais, mas a
fragmentação do habitat e a perda de recursos naturais limitam o acesso a esses
alimentos.
Ameaças e declínio populacional
A principal ameaça à sobrevivência
do macaco titi é a perda de habitat, principalmente devido ao avanço da
agricultura e da pecuária na região de San Martín. Entre 2000 e 2013,
aproximadamente 55,6% de sua área de distribuição original foi desmatada, resultando
em uma perda de mais de 80% da população desde 2000. O desenvolvimento de
atividades agrícolas, como a produção de arroz, café, cacau e a pecuária, tem
incentivado o desmatamento, gerando degradação do solo e fragmentação do
habitat. Além disso, a espécie enfrenta pressão devido à caça ilegal, tanto
para consumo quanto para o tráfico de animais de estimação. A fragmentação das
florestas facilita o acesso de caçadores, ameaçando ainda mais as populações já
reduzidas.
Esforços de conservação
Organizações como a Neotropical Primate Conservation, Proyecto Mono Tocón e Amazónicos para la
Amazonia desempenham um papel crucial na preservação do macaco titi do Rio
Mayo. Estas ONGs trabalham na criação e manutenção de áreas protegidas,
mapeamento da distribuição da espécie e pesquisas sobre densidade populacional.
O Proyecto Mono Tocón, fundado em 2007, destaca-se pelo desenvolvimento
de projetos de longo prazo que visam compreender as necessidades de habitat da
espécie e estabelecer corredores ecológicos entre as áreas fragmentadas.
Além de proteger o habitat
remanescente, as ONGs têm promovido a conscientização nas comunidades locais
sobre a importância da conservação da espécie e da biodiversidade regional.
Essas iniciativas, aliadas à pesquisa científica, visam fortalecer os esforços
de preservação e restaurar áreas degradadas.
Importância ecológica e a necessidade
de ações futuras
A extinção do macaco titi de San
Martín traria impactos severos para o ecossistema local, comprometendo a
biodiversidade e os serviços ecossistêmicos. Compreender aspectos como a
predação, a evolução social e a demografia é essencial para a sua integração na
manutenção do equilíbrio ecológico. O aumento das áreas protegidas, a criação
de políticas de preservação e o combate à caça ilegal são passos
fundamentais para assegurar a sobrevivência da espécie. Contudo, a
implementação de medidas governamentais efetivas e o apoio contínuo das comunidades
locais são vitais para que esses esforços sejam bem-sucedidos.
O macaco titi do Rio Mayo é uma espécie única e altamente ameaçada, cuja sobrevivência depende de esforços intensivos de conservação. A colaboração entre ONGs, pesquisadores e comunidades locais é essencial para enfrentar as múltiplas ameaças que pressionam a espécie. A criação de áreas protegidas, a educação ambiental e a restauração de habitats são elementos essenciais para reverter o declínio populacional e promover um ambiente mais seguro para essa espécie endêmica do Peru.
Fontes: Threads, Duke University, Bioone, Horizon International Solutions Site, Proyecto Mono Tocón, Facts about animals, Frontiers, Black
Pool Zoo, Monotocon
Fotos:Macaco titi do Rio Mayo_ do Proyecto Mono Tocón , segunda e terceira foto: de Anneke M. DeLuycker e quarta foto: de Jhoin Bard