O tapaculo-de-Brasília (Scytalopus novacapitalis), também conhecido como macuquinho-de-Brasília, é uma ave passeriforme da família Rhinocryptidae, endêmica do Brasil. Descoberto em 1958 durante a construção de Brasília, este pequeno pássaro é uma espécie de relevância ecológica e científica significativa. Apesar disso, encontra-se atualmente em perigo de extinção, conforme a classificação da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Características físicas
O tapaculo-de-Brasília é uma
ave de pequeno porte, com aproximadamente 11 cm de comprimento e um peso médio
de 18,9 g. Suas partes superiores são de um cinza-escuro, enquanto as
inferiores apresentam um tom cinza-claro. Possui um bico curto e escuro, com
uma tampa sobre a narina (opérculo nasal), e uma mandíbula ligeiramente mais
clara. As pernas são de cor marrom-amarelada ou rosada, e sua cauda é pequena e
levantada. A ave é conhecida por sua habilidade de levantar a cauda ao menor
sinal de excitação, um comportamento que originou seu nome popular.
Habitat e comportamento
O tapaculo-de-Brasília
prefere habitats de sub-bosque em florestas de galeria e áreas de florestas
secundárias, geralmente próximas a cursos de água. Costuma ser encontrado ao
nível do solo, escondido entre a folhagem densa, rica em samambaias (Blechnum
brasiliense) e palmito-juçara (Euterpe edulis). Por seu comportamento arisco,
raramente é visto voando; ao invés disso, corre rapidamente e se esconde ao
menor sinal de perigo. Esta espécie ocupa um nicho ecológico similar ao de
pequenos roedores.
Distribuição geográfica
Originalmente registrado no Distrito
Federal, o tapaculo-de-Brasília também foi encontrado no Triângulo
Mineiro e mais recentemente na Serra da Canastra, em Minas Gerais. Contudo, a
distribuição geográfica dessa espécie é bastante restrita, o que contribui para
sua vulnerabilidade. Registros recentes indicam que a ave praticamente
desapareceu de várias áreas onde antes era comum, sendo avistada com certa
regularidade apenas na Fazenda Água Limpa no Distrito Federal.
Vocalização e reprodução
O canto do tapaculo-de-Brasília
é distinto e diferente da maioria das aves brasileiras. Emite um som agudo e
forte, numa sequência monótona e constante de piados finos e quase metálicos.
Ao contrário de muitas aves, ele não constrói ninhos em galhos altos; prefere
cavar tocas no solo, onde vive e se reproduz. Sua capacidade de vocalização
também difere entre os sexos, com as fêmeas emitindo um canto mais veemente.
Ameaças à espécie
A principal ameaça ao tapaculo-de-Brasília
é a degradação de seu habitat natural, as matas de galeria do Cerrado. A expansão
urbana, a agricultura e as mudanças climáticas têm contribuído para
a destruição dessas áreas, levando ao declínio da população dessa espécie.
Pequenas alterações no microclima das matas de galeria, como o aumento das
temperaturas e a redução de geadas e invernos rigorosos, têm impactado
negativamente a ave.
Esforços de conservação
Apesar das dificuldades, existem
esforços contínuos para conservar o tapaculo-de-Brasília. Pesquisadores
têm trabalhado para entender melhor a distribuição e o comportamento da
espécie, realizando expedições e registros fotográficos em áreas onde a ave
ainda pode ser encontrada. A conservação das matas de galeria e a proteção das
áreas onde a espécie vive são essenciais para garantir a sobrevivência da
espécie.
O tapaculo-de-Brasília é um símbolo
do Cerrado e da biodiversidade brasileira. Sua preservação é vital não
apenas por seu valor intrínseco, mas também pelo papel que desempenha no
ecossistema. A continuidade dos esforços de conservação e a conscientização
sobre a importância de proteger seu habitat são essenciais para evitar que esta
espécie se torne extinta.
Fontes: Metrópoles, Wiki Aves, Birding Brazil Tours, Picture Bird, IUCN Red List, SiBBr, Brazilian Journal of Biology, Correio Braziliense, Chico Sant’anna Wordpress
Fotos: Tapaculo-de-Brasília_Jonatas Rocha e segunda foto: Tapaculo-de-Brasília_by Ciro Albano