O puma da Patagônia (Puma concolor puma), também conhecido como puma do sul, puma chileno ou leão da montanha, é a subespécie mais meridional da espécie Puma concolor. Ele é encontrado ao longo da cordilheira dos Andes e na costa do Pacífico chileno. O puma é o quarto maior felino do mundo, depois do leão, do tigre e do jaguar.
Características físicas e adaptações
O puma da Patagônia apresenta
capacidade de adaptação a diversos habitats, variando de áreas de baixa
altitude a montanhas altas, e de desertos a florestas densas. Embora prefira
regiões com vegetação densa, ele também pode habitar áreas abertas com pouca
vegetação. Possui um corpo longo, pelagem densa de cor acinzentada ou
acastanhada, um crânio grande e dentes robustos. Os pumas desta subespécie
variam consideravelmente em tamanho, podendo atingir até 120 kg e 2,7 metros de
comprimento, sendo provavelmente a maior subespécie da América do Sul.
Habitat e distribuição
Embora a subespécie tenha sido extirpada em partes significativas de sua distribuição original, ainda ocupa um vasto território que vai de Coquimbo, no Chile, ao sul da Argentina, até o Estreito de Magalhães. Seus habitats preferidos incluem cadeias de montanhas, ravinas rochosas e florestas densas. No Chile, a subespécie é encontrada desde Coquimbo até Valdivia, habitando estepes andinas e regiões montanhosas próximas. Essas áreas fornecem abrigo e condições ideais para a caça, contribuindo para a sobrevivência e adaptação dos pumas ao ambiente rigoroso da Patagônia.
Ecologia e comportamento
O puma da Patagônia ocupa a
posição mais alta na cadeia alimentar da região, sendo o guanaco sua principal
presa. Sua presença é vital para manter o equilíbrio do ecossistema, fornecendo
alimento para carniceiros como o condor e controlando a população de suas
presas. Diferentemente de outros grandes felinos, o puma não ruge, mas ronrona
como um gato doméstico. Este comportamento distintivo contribuiu para sua
exclusão do gênero Panthera (que inclui felinos como leão, tigre, jaguar e
leopardo)
Os pumas são carnívoros
oportunistas, e suas dietas dependem em grande parte da disponibilidade e
abundância de presas. Na natureza, caçam quatis, lebres, veados, guanacos e
antas, mas em áreas com abundância de gado, como a Patagônia, cavalos, ovelhas
e cabras tornam-se alvos fáceis. De acordo com responsáveis do Parque Nacional Torres del Paine,
no Chile, um único puma pode matar várias ovelhas, bezerros, cabras e potros
numa noite – um golpe financeiro considerável na renda de um pecuarista,
especialmente para aqueles que praticam agricultura em menor escala.
Conservação e conflitos humanos
A subespécie enfrenta vários
desafios de conservação, incluindo caça intensiva, fragmentação de habitat e
conflitos com a pecuária. A expansão humana para áreas não habitadas tem
forçado os pumas a buscar alimento entre presas domésticas, resultando em conflitos
com pecuaristas. Historicamente, o puma foi considerado uma praga para a
pecuária, e a caça furtiva foi a resposta comum para mitigar as perdas de gado.
Nas últimas décadas, o Parque
Nacional Torres del Paine tem visto um aumento no turismo e um recente
aumento no turismo de predador focado nos pumas. Este tipo de atividade
turística tem impactado positivamente as atitudes locais em relação aos pumas.
Hoje, os fazendeiros locais geralmente exibem percepções positivas sobre a
espécie e estão cientes das importantes contribuições que os pumas fazem às
comunidades ecológicas.
Iniciativas de conservação e ecoturismo
Nos últimos anos, iniciativas de
conservação têm buscado mitigar esses conflitos e promover a coexistência entre
humanos e pumas. O turismo de predadores, particularmente no Parque
Nacional Torres del Paine, tem mostrado potencial para melhorar a
tolerância local aos pumas. Este parque, uma Reserva da Biosfera da UNESCO, é
um exemplo significativo onde a presença do puma é valorizada não apenas pela
sua importância ecológica, mas também pelo seu potencial turístico. O turismo
de vida selvagem proporciona incentivos econômicos para a conservação de
paisagens, flora e fauna, e simultaneamente proporciona emprego a membros de
comunidades locais que, de outra forma, poderiam depender da extração de
recursos para sobreviver. Em fazendas vizinhas ao Parque Nacional a Fundação de Conservação Cerro Guido e
a ONG Panthera estão desenvolvendo
ações para expandir o ecoturismo visando a diminuição da caça ao puma, com a
valorização dessa subespécie para o turismo junto aos fazendeiros.
Pesquisa e monitoramento
Programas de monitoramento, como o
iniciado em 2008 no Parque Nacional da Patagônia, têm gerado dados importantes
sobre padrões de predação, movimentos e territórios dos pumas. Estes estudos
fornecem informações cruciais para decisões de manejo e conservação, ajudando a
balancear a coexistência de pumas e atividades pecuárias. A pesquisa no Parque
Nacional Torres del Paine, por exemplo, estimou densidades de um puma a
cada 1000 hectares, sugerindo que a proteção adequada pode sustentar populações
saudáveis de pumas.
Desafios e perspectivas futuras
Apesar das iniciativas de
conservação e do crescente ecoturismo, a convivência entre pumas e humanos
ainda apresenta desafios. A caça furtiva, embora reduzida, ainda é uma ameaça
constante, e a fragmentação do habitat continua a impactar a disponibilidade de
recursos para os pumas. A escassez de terras protegidas no extremo sul da
América do Sul obriga os pumas e as pessoas a aprenderem a coexistir para que
os pumas possam mover-se por áreas suficientemente grandes para evitar a
endogamia e manter sua saúde genética.
Contribuição econômica e ecoturismo
O ecoturismo gera 7,6 bilhões de
dólares anualmente e apoia 292 milhões de empregos em todo o mundo. Por razões
econômicas, o turismo da vida selvagem tem sido defendido por muitos
como uma estratégia de conservação ideal. No entanto, o ecoturismo não é
a solução para todas as comunidades e pode ter consequências indesejadas para
as populações locais e para a vida selvagem. O turismo deve ser
estrategicamente bem gerido para garantir benefícios na conservação de vida
selvagem e ecossistemas.
O puma da Patagônia é uma
subespécie essencial para a manutenção do equilíbrio ecológico na região andina
e na Patagônia chilena. Sua presença regula as populações de presas e contribui
para a saúde do ecossistema. Iniciativas de conservação, aliadas ao ecoturismo
bem gerido, podem promover uma coexistência mais pacífica entre pumas e
humanos, assegurando a preservação dessa subespécie.
Fontes: Science direct (1), Tesis Doctoral PUCChile, National Geographic, Tierra Patagônia, Rewilding Chile, Duna Noticias, Science Direct (2), Mongabay, Discover Wildlife, Geographical, Sierra Club, Explora
Fotos: Puma da Patagônia_by Wolves201 e segunda foto: fêmea de puma da Patagônia com filhotes_by Roy Toft e terceira foto: puma da Patagônia caçando guanaco_by Ingo Arndt