Pesquisa comprova que o menor anfíbio do mundo é o sapo-pulga endêmico do sul da Bahia


 O artigo científico recentemente publicado na revista Zoologica Scripta, em 7 de fevereiro de 2024, traz uma descoberta notável que coloca o Brasil no mapa da biologia mundial. O estudo, realizado por uma equipe de pesquisadores da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), na Bahia, destaca o Brachycephalus pulex, comumente conhecido como sapo-pulga, como o menor anfíbio e possivelmente o menor vertebrado do mundo. Esta descoberta não apenas desafia nossa compreensão da diversidade de tamanhos entre os vertebrados, mas também levanta questões importantes sobre conservação e adaptação biológica.

A espécie tem habitat específico e Importante para a conservação

O Brachycephalus pulex, endêmico do sul da Bahia, especificamente encontrado nos topos de morros da Reserva Particular do Patrimônio Natural Serra Bonita e no Parque Nacional Serra das Lontras, foi descrito pela primeira vez em 2011. Habitando uma localidade-tipo de remanescente florestal situado em uma cadeia montanhosa de variadas altitudes, essa espécie vive em um habitat bastante específico e delicado. A Serra Bonita, onde foi inicialmente descoberto, é caracterizada por uma biodiversidade única, variando de floresta perenifólia a floresta úmida submontana, evidenciando a importância das áreas de conservação na preservação de espécies únicas.

O sapo-pulga estabeleceu novo recorde, com suas dimensões impressionantes

O estudo analisou 46 indivíduos do Brachycephalus pulex, determinando que o menor deles media apenas 6,45 milímetros, um tamanho menor do que uma ervilha, com os machos atingindo em média 7 milímetros e as fêmeas, 8 milímetros. Essas dimensões ultrapassam o recorde anteriormente detido por um sapo da Papua-Nova Guiné, cujos representantes adultos medem cerca de 7,7 milímetros, tornando o sapo-pulga não apenas o menor anfíbio do mundo, mas também um forte candidato a menor vertebrado do mundo.

Os anfíbios de pequeno porte possuem características evolutivas únicas

As descobertas sobre o Brachycephalus pulex ressaltam as peculiaridades evolutivas e adaptativas dos anfíbios de pequeno porte. Muitos desses animais apresentam características únicas, como a redução no número de dedos ou desenvolvimento atípico das orelhas, sugerindo desafios para a sobrevivência de espécies ainda menores. No entanto, os pesquisadores também reconhecem a possibilidade de existirem animais menores ainda não descobertos.

Estudo confirmou a vulnerabilidade do pequeno sapo às mudanças climáticas

Um aspecto alarmante trazido pelo estudo é a vulnerabilidade do Brachycephalus pulex às mudanças climáticas. Vivendo em áreas de conservação, essa espécie ainda enfrenta riscos significativos, principalmente devido à sua localização restrita aos topos de morros, onde a migração para altitudes mais elevadas como estratégia de adaptação ao aumento da temperatura não é viável. A pesquisa enfatiza a necessidade urgente de medidas de preservação para garantir a sobrevivência desta espécie, que já foi classificada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) como em perigo de extinção.

O apoio financeiro foi fundamental, destacando a importância da pesquisa para a conservação

O financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), e do Mohamed bin Zayed Species Conservation Fund foi crucial para o desenvolvimento deste estudo, demonstrando a importância do apoio à pesquisa científica para a descoberta e conservação de espécies.

Fontes: Valença Agora, Zoologica Scripta, New Scientist, Uol, Superinteressante, Correio Braziliense , American Museum of Natural History

Fotos: Ambas as fotos, sapo-pulga de Renato Gaiga