O vulnerável macaco-aranha-da-cara-vermelha se encontra em declínio populacional


 O macaco-aranha-da-cara-vermelha (Ateles paniscus) também conhecido como macaco-aranha-das-Guianas é uma espécie de primata endêmico da região amazônica, destacando-se não só por sua anatomia distintiva, mas também pelo seu papel ecológico vital na dispersão de sementes dentro do ecossistema.

Ateles paniscus possui ampla distribuição no norte do país atingindo até as Guianas

A distribuição geográfica deste primata é ampla. Está presente no norte do Brasil, especificamente nos estados de Roraima, Amazonas e Amapá, estendendo-se até a Guiana, Guiana Francesa e Suriname. No estado do Amazonas é encontrado ao norte do rio Amazonas e a leste dos rios Negro e Branco.

Espécie possui grande agilidade locomovendo-se a grandes distâncias

Esta espécie apresenta características singulares. Sua pelagem negra contrasta com a pele facial vermelha, conferindo-lhe uma expressão quase humana. Além disso, possui uma cauda preênsil robusta, atuando como um quinto membro, e membros anteriores e posteriores alongados, atributos que lhe conferem uma locomoção ágil nas copas das árvores. São animais bastante ativos, chegando a percorrer vários quilômetros por dia. Curiosamente, a ausência do polegar nesta espécie deu origem ao nome de seu gênero, "Ateles", que significa "imperfeito".

Como frugívoro é importante dispersor de sementes, auxiliando na regeneração florestal

A dieta do macaco-aranha-da-cara-vermelha é primordialmente frugívora, embora também se alimente de ovos, sementes, folhas e outros pequenos itens. Este padrão alimentar, combinado com o comportamento de engolir sementes intactas, coloca o macaco-aranha-de-cara-vermelha como um agente dispersor de sementes vital, influenciando diretamente a dinâmica de regeneração da floresta. Vive nas altas copas da floresta densa e necessitam de grandes áreas preservadas.

Ciclo lento de reprodução dificulta sua conservação

Do ponto de vista reprodutivo, a espécie possui um ciclo lento, com períodos de acasalamento a cada 3-4 anos. Os jovens alcançam independência por volta dos 15 a 18 meses e atingem a maturidade sexual entre 4 e 5 anos de idade. Atingem até um metro de comprimento, com cauda de 90 cm. e pesando cerca de 10 kg.

Entre as ameaças principais estão a caça, favorecida por obras como construção de estradas e hidrelétricas

Contudo, embora seu papel ecológico seja inquestionável, o Ateles paniscus enfrenta desafios significativos para sua conservação. A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) lista a espécie como "vulnerável". As principais ameaças à sua sobrevivência incluem caça - seja por comunidades indígenas ou caçadores ilegais - e perda de habitat devido a atividades humanas, como agricultura, pecuária, mineração, hidrelétricas e construção de estradas. Projeções recentes apontam que, se a destruição do habitat continuar no ritmo atual, haverá uma perda de habitat de até 40% até 2050, com declínios populacionais do primata correspondentes em regiões de alta pressão de caça.

O macaco-aranha-de-cara-vermelha não é apenas uma espécie emblemática em termos de biodiversidade, mas também um indicador chave da saúde dos ecossistemas amazônicos. Os esforços de conservação direcionados a esta espécie têm implicações diretas e indiretas para a preservação da biodiversidade e funcionalidade da floresta amazônica.

Fontes: G1 Globo, IEC, ZooDF, Klimanatural, AMDA, Ambiente BrasilWWF, New Primate Conservancy

Foto: Macaco-aranha-de-cara-vermelha_abcdefgwing e segunda foto: Macaco aranha de cara vermelha_Caroline Zanchi