A luta pela sobrevivência da tartaruga angonoka: a espécie mais ameaçada do mundo


A tartaruga angonoka (Astrochelys yniphora) é considerada a tartaruga mais rara do mundo e se encontra severamente ameaçada pela caça furtiva para o comércio ilegal de animais de estimação. Esta espécie endêmica de Madagascar é encontrada exclusivamente nas florestas secas da área de Baly Bay, no noroeste do país, especialmente no Parque Nacional Baie de Baly, criado em 1998 com o principal objetivo de conservar essa espécie.

Desaparecida ressurgiu na década de 1980

Considerada extinta, foi redescoberta em 1984 no noroeste de Madagáscar, infelizmente atraindo a atenção dos comerciantes ilegais de espécies raras. A partir daí a caça furtiva se tornou a principal ameaça na conservação da tartaruga angonoka. Recentemente foram interrompidas as solturas na natureza devido ao aumento da caça ilegal. Com o crescimento do comércio clandestino, a espécie se encontra a beira da extinção. A previsão dos conservacionistas é que a extinção na natureza ocorrerá na próxima geração (40-50 anos).

Alto valor alcançado pelos espécimes, ameaçam até as coleções legalizadas das tartarugas angonoka

As estimativas atuais apontam para a existência de apenas 100 indivíduos maduros na natureza. Além desta população selvagem, aproximadamente 400 tartarugas angonoka são mantidas em cerca de 15 coleções gerenciadas profissionalmente em todo o mundo. Apenas uma destas coleções está localizada em Madagascar. A raridade e o padrão distinto do casco tornam estas tartarugas alvos preferenciais do comércio de animais de estimação exóticos, alcançando valores entre US$ 5.000 e US$ 50.000.

Reprodução em cativeiro em Madagascar tem se revelado um sucesso, mas sofre ameaças constantes

Felizmente, existem esforços contínuos para preservar esta espécie. A Turtle Conservancy e Durrell Wildlife Conservation Trust (DWCT) têm trabalhado ativamente para conter a caça furtiva e resgatar animais de coleções ilegais, envolvendo as comunidades locais nessa atividade. Desde 1986, o DWCT tem concentrado grande parte de seus esforços em Madagascar, com uma instalação de reprodução em cativeiro na Estação Florestal de Ampijoroa que tem se mostrado um sucesso. No entanto, a população de tartarugas angonoka nesta instalação necessita de proteção armada constante e, como medida preventiva, os cascos característicos destas tartarugas são marcados com um número de série e um código do país para dissuadir ainda mais a ação de caçadores ilegais.

A tartaruga angonoka é um testemunho da beleza e da fragilidade da biodiversidade de Madagascar. A crescente pressão da caça furtiva, agravada pela demanda internacional por animais exóticos, coloca esta espécie à beira da extinção. Só através de esforços colaborativos e medidas de conservação eficazes será possível garantir a sobrevivência desta espécie única.

Fontes: Edgeofexistance, Turtle Conservancy(1), Turtle Conservancy(2), British Chelonia Group, Global Initiative, EAZA, Chelonian Research Foundation, Mongabay

Foto: Tartaruga angonoka_by Peter Paul van Dijk