A iguana azul (Cyclura lewisi), um espécime endêmico da ilha de Grand Cayman, tem experimentado uma impressionante história de renascimento e recuperação. Este réptil herbívoro notável, quase desaparecido no início do século XXI, encontrou um caminho de volta à sobrevivência, graças a esforços de conservação.
O iguana azul embora prefira florestas secas pode habitar
diversos ecossistemas
Esta espécie de iguana se caracteriza pela sua
preferência por territórios rochosos e ensolarados nas florestas secas
ou próximos à costa. Os jovens da espécie possuem uma coloração azulada que se
intensifica com a maturidade. Os machos apresentam uma tonalidade mais
acentuada de azul que as fêmeas, e os adultos têm a habilidade de mudar a cor,
geralmente para cinza, a fim de se camuflar com as rochas do habitat.
Este animal robusto, que pode atingir mais de 1,5 metros
de comprimento e pesar até 14 kg, é conhecido por uma crista dorsal de espinhos
curtos que se estende do pescoço até a cauda. Além disso, os iguanas azuis
exibem uma variedade de comportamentos adaptativos que lhes permitem habitar
diversos ecossistemas, incluindo florestas, pastagens e regiões costeiras, bem
como ambientes modificados pelo homem.
Chegou à quase extinção a população selvagem dos iguanas
azuis
No entanto, em 2003, a população selvagem de iguanas
azuis chegou a um alarmante declínio, estimando-se que menos de 15
indivíduos permaneciam no ambiente selvagem. As ameaças predominantes eram a predação
por cães e gatos, além da degradação do habitat pela conversão de fazendas
de frutas em pastagens para gado.
Programa de recuperação conseguiu reverter a tendência à
extinção da espécie
O Programa
de Recuperação da Iguana Azul (BIRP), criado em 1990, conseguiu reverter a perspectiva do iguana azul.
Ao criar e soltar iguanas azuis jovens no Parque
Botânico Queen Elizabeth II
em Grand Cayman, o programa tem contribuído para a recomposição das populações
selvagens e o estabelecimento de novas populações em áreas protegidas.
Atualmente o programa é uma parceria entre o Departamento
de Meio Ambiente das Ilhas Cayman, National
Trust for the Cayman Islands,
Queen Elizabeth II Botanic Park, Durrell Wildlife Conservation Trust , International
Reptile Conservation Foundation (IRCF) e a Comissão
Europeia. Durante o início
do programa foi fundamental o estabelecimento de populações cativas mantidas em
zoológicos dos EUA e uma instalação de criação e desenvolvimento localizada no
Parque Botânico Queen Elizabeth II da ilha.
A legislação local protege totalmente os iguanas azuis,
classificadas como "em perigo" pela União
Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). De acordo com a Convenção sobre o Comércio Internacional de
Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Selvagens (CITES), é proibido o comércio internacional,
a captura, a morte ou a manutenção destes animais em cativeiro.
Devido às medidas de conservação a população de iguanas
azuis aumentou
As medidas de conservação adotadas mostraram-se eficazes.
A atual população selvagem é estimada em cerca de 450 adultos, contrastando
fortemente com os números precários de duas décadas atrás. Além disso, a
expansão das áreas protegidas por meio do National Trust for the Cayman
Islands, como a Reserva Salina e a Reserva Selvagem Collier's, ajudaram a
fornecer um refúgio seguro para a espécie.
Áreas adquiridas próximas a áreas protegidas aumentam o
habitat seguro dos iguanas azuis
A aquisição conjunta de terras em 2019 pela Royal Society for the Protection of Birds
(RSPB) e o Rainforest Trust, contígua ao habitat natural de
floresta seca intacto, contribuiu ainda mais para a proteção do iguana azul.
Este trabalho crucial é contínuo, com oportunidades emergindo para comprar
terreno adicional próximo à área já protegida. A partir daí foi estabelecido um
programa ambicioso de compra de terras envolvendo uma rede de financiadores,
entre os quais, o Quick
Response Fund for Nature (QRFN),
o John Ellerman Foundation (JEF),
e o Rainforest Trust, para proteger e salvaguardar habitats de
alto valor de conservação nas Ilhas Cayman.
Recuperação do iguana azul é uma história de sucesso
devido ao trabalho dos conservacionistas
A recuperação do iguana azul de Grand Cayman é um
testemunho da dedicação e do trabalho árduo dos conservacionistas. Apesar das
ameaças contínuas, como a mortalidade nas estradas e a possível competição do iguana
verde invasor (Iguana iguana), o iguana azul de Grand Cayman
é uma história de sucesso em constante evolução no campo da conservação.
No entanto, o trabalho não acabou. Os esforços futuros
devem incluir a pesquisa contínua para gerenciar a diversidade
genética da espécie, a educação e a sensibilização para mitigar as ameaças
à espécie. Com a determinação contínua de conservacionistas e o apoio de
organizações globais, a iguana azul de Grand Cayman pode continuar a
prosperar.
Fontes: International
Iguana Foundation, IUCN-SSC
Iguana Specialist Group, Exo
Terra, Biólogo, Animal
Diversity, AZ Animals, National
Conservation Council – Cayman Islands , BioEnciclopédia,
Quick
Response Fund for Nature, British
Herpetological Society
Foto: Iguana azul_by Steven Mlodinow