A curica-urubu (Pyrilia
vulturina), também conhecida como periquito-urubu, periquito-d'anta,
papagaio-urubu, urubu-paraguá e piripiri, é uma ave da
família dos psitacídeos. Esta espécie distinta é endêmica do norte do Brasil,
ocorrendo principalmente na margem direita do baixo Amazonas, estendendo-se do
leste do Pará (região de Gurupi) e norte do Tocantins (região de Araguatins),
ao leste do Amazonas (Parintins), e chegando até a Serra do Cachimbo (Sul do
Pará). Na Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção, a espécie está
classificada como vulnerável (VU).
Espécie é colorida, careca e
considerado papagaio de porte médio
A ave possui uma cor verde
predominante, mas sua característica mais notável é a cabeça totalmente nua e
de pele escura, com uma nuca e garganta amarelas que contrastam com o peito de
tom azulado. Além disso, ela apresenta um colar amarelo emplumado e uma mancha
de ombro laranja-avermelhada. Com um comprimento que pode chegar a 23
centímetros e um peso variando entre 138 e 165 gramas, a curica-urubu é
um papagaio de tamanho médio com um padrão de cabeça característico.
Habita florestas de terra
firme e alagadas
A curica-urubu é
encontrada principalmente em florestas altas de "terra firme" (sem
inundação) e "várzea" (floresta sazonalmente alagada), onde
geralmente habita a copa das árvores. É nesta região elevada das florestas que
a ave busca seu alimento, alimentando-se principalmente de frutas, bagas e
sementes. A espécie pode ser encontrada em pequenos bandos de 6 a 12 indivíduos
e é frequentemente vista em pares durante a época de reprodução. Fora dessa
época, a curica-urubu mantém-se em grupos, sendo uma espécie tranquila
que facilmente passa despercebida na folhagem do dossel.
Distribuição da curica-urubu
inclui o arco do desmatamento
Apesar de sua aparência distinta
e comportamento interessante, a curica-urubu enfrenta desafios
significativos em termos de conservação. A espécie está classificada como
vulnerável na Lista
Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção, principalmente devido à perda,
fragmentação e degradação de seu habitat. Infelizmente, nas últimas três
gerações, o desmatamento acelerado na bacia amazônica resultou na perda
de 11% da cobertura arbórea na área de habitat da ave. Isso é em grande parte
devido ao desmatamento para a pecuária e a produção de soja, facilitada pela
expansão da rede rodoviária. Estima-se que até 60% de seu habitat original já
tenha desaparecido. Sua distribuição inclui o arco do desmatamento,
região da Amazônia de alta degradação florestal.
Ainda assim, a curica-urubu
parece mostrar alguma tolerância à degradação do habitat e tem a capacidade de
se movimentar entre os fragmentos florestais restantes. A espécie ainda pode
ser encontrada em áreas de florestas primárias e em fragmentos florestais de
médio e grande porte, como nas regiões de Tailândia e Tomé-Açú.
Curica-urubu prefere habitats
florestais intocados
Embora sua densidade populacional
varie, a espécie pode ser comum em habitats mais intocados, enquanto é rara ou
incomum em áreas degradadas e desmatadas. Apesar desta adaptabilidade,
estima-se que a população da curica-urubu tenha sofrido um declínio de
pelo menos 30% nas últimas três gerações e que continue a diminuir. As
projeções sugerem um declínio populacional adicional entre 37 e 54% nas
próximas três gerações.
A conservação da curica-urubu
é, portanto, uma questão crítica. Com seu habitat em contínuo declínio e as
pressões constantes do desmatamento e da expansão agrícola, é vital que
esforços sejam feitos para proteger esta espécie e seu ecossistema. Para garantir
a sobrevivência desta espécie, são extremamente necessárias novas reservas
florestais, principalmente na região leste da Amazônia, onde o desmatamento
é mais intenso.
Fontes: Wiki-Aves, World Parrot Trust,
BirdLife
International, Cemave
Foto: Curica urubu_by Silvia Faustino Linnares