O Jacu-estalo da Mata Atlântica (Neomorphus geoffroyi dulcis), uma das subespécies da família dos cucos (Cuculidae), é uma figura evasiva e enigmática, popularmente conhecida como o "fantasma" da Mata Atlântica. Não deve ser confundido com os jacus, apesar do nome semelhante. A espécie possui outros nomes igualmente peculiares, como jacu-bagunceiro, Aracuão, aracuã-da-mata, jacu-molambo, jacu-taquara, acanati-de-bico-verde, jacu-estalo-de-bico-verde e jacu-queixada.
Jacu-estalo vive essencialmente
no chão das florestas
Esta ave é relativamente grande, com
cerca de 50 centímetros de comprimento e peso em torno de 340 gramas. Seus
atributos físicos incluem pernas e cauda longas, um bico robusto e um topete
característico. Seu modo de vida é essencialmente terrícola, habita o
chão das florestas onde busca sua dieta diversificada de insetos, como
formigas, besouros e gafanhotos, além de escorpiões, aranhas, miriápodes,
vermes, moluscos, camaleões, anfíbios, lagartixas e, ocasionalmente, frutos.
O jacu-estalo vive geralmente
solitário ou em casais, atacando suas presas rapidamente com os pés e o bico.
Percorre o solo e ramagens espinhentas de aceiros florestais, e ao correr pelo
solo, eleva a cauda na vertical, abrindo-a em leque durante a caçada.
Subespécie da Mata Atlântica é
raríssima de ser encontrada e se encontra em situação crítica
A subespécie Neomorphus geoffroyi
dulcis é encontrada na confluência dos estados do Espírito Santo, Minas
Gerais e Rio de Janeiro. Há registros de avistamentos na Reserva Biológica de
Sooretama (ES) e no Parque Estadual do Rio Doce (MG), assim como no Parque
Estadual do Desengano (RJ). Infelizmente, o Jacu-estalo da Mata Atlântica
é uma ave raramente vista, vivendo em subpopulações isoladas devido à alta
fragmentação de seu habitat.
Essa subespécie é bastante
sensível a perturbações no meio ambiente
A situação atual desta espécie é
preocupante, encontrando-se em grave risco de extinção com uma distribuição
bastante restrita e fragmentada. O Ministério do Meio Ambiente classifica a
espécie como criticamente em perigo, um reflexo das ameaças que
enfrenta. Esta ave é particularmente sensível a perturbações, com pequenas
modificações no habitat podendo levar ao seu desaparecimento. É uma das
primeiras espécies a desaparecer em áreas sob pressão de impactos humanos e a
presença de animais domésticos como cães e gatos.
Origem de seu nome é o estalo que
produz com o bico
O jacu-estalo é uma ave
terrestre ágil que necessita de grandes áreas florestais para viver, por isso a
fragmentação pode causar a diminuição de suas populações. Seu comportamento é
notável, passando a maior parte do tempo andando e pulando no chão.
Regularmente empoleira-se para descansar, arrumar a plumagem e dormir,
deitando-se no galho como uma galinha. Curiosamente, tem o hábito de seguir
formigas e produzir um forte estalo com o bico, o que originou seu nome mais
popular.
No Brasil há três subespécies do
jacu-estalo das seis existentes no total
Para além da subespécie dulcis, o jacu-estalo
(Neomorphus geoffroyi) tem outras cinco subespécies reconhecidas,
distribuídas por diferentes áreas da América Latina. Entre elas estão: N. g. geoffroyi -
ocorre nas florestas do leste da Bahia, no Recôncavo Baiano até a divisa com o
Espírito Santo; N. g. salvini - ocorre dos alagados da Nicarágua até a
Costa do Oceano Pacifico da Colômbia; N. g. aequatorialis - ocorre da
região tropical do sudeste da Colômbia até o leste do Equador e norte do Peru; N.
g. australis - ocorre no sul do Peru e no noroeste da Bolívia e N. g.
amazonicus – ocorre ao sul do rio Amazonas, no leste do Pará, norte de
Mato Grosso até o oeste do Maranhão.
Há necessidade de aumentar as
pesquisas sobre o jacu-estalo da Mata Atlântica para tentar impedir sua
extinção
Não há dúvida que o jacu-estalo
da Mata Atlântica figura como uma espécie de grande interesse científico
devido sua alta probabilidade de extinção em futuro próximo, se nada for feito,
pois enfrenta uma situação crítica de ameaça de extinção. As florestas da Mata
Atlântica, que outrora constituíam seu habitat, sofreram erradicações
extensivas. O estudo e a compreensão da biogeografia desta subespécie
tornam-se, portanto, fundamentais para a elaboração de estratégias eficazes de
proteção e preservação desta ave do ecossistema da Mata Atlântica.
Fontes: Conexão
Planeta, ICMBio,
Wiki Aves, RBO
, Culturamix,
IEFMG,
Ambiente
Brasil, Klima
Naturali
Foto: Jacu Estalo Dulcis_by Vitor Barbosa