Cientistas descobrem nova espécie de jibóia-anã na Floresta Amazônica Equatoriana


 Um grupo de pesquisadores da Universidade Regional Amazônica Ikiam, Instituto Nacional de Biodiversidade (Inabio), Sumak Kawsay In Situ, Waska Amazonía, Museum Koenig, Instituto Butantan e Universidade Federal do Rio Grande do Sul encontrou uma nova espécie de jibóia-anã na floresta nublada do nordeste do Equador. A nova espécie, chamada Tropidophis cacuangoae, foi descoberta nas províncias de Pastaza, Napo e Zamora Chinchipe.

Nome da jibóia-anã homenageia ativista indígena que lutou pelos direitos dos povos indígenas

A nova espécie foi nomeada em homenagem a Dolores Cacuango, uma ativista indígena que lutou pelos direitos dos povos indígenas equatorianos, levando-os a se defenderem contra abusos e discriminações. Do mesmo modo, ela exigiu o ensino de Quechua e fundou as primeiras escolas bilingues do Equador e a Federação Indígena Equatoriana

Como toda jibóia a nova espécie anã não é venenosa

A nova espécie habita a região tropical oriental e as florestas montanhosas perenes inferiores da Floresta Amazônica equatoriana e pode ser considerada endêmica do país. A serpente tem cerca de 20 centímetros de comprimento e sua cor é semelhante à da jibóia constritora comum. Igualmente à jibóia maior não é venenosa. Os resultados da descoberta foram publicados, em dezembro de 2022, na revista European Journal of Taxonomy.

Os cientistas encontraram dois exemplares da nova espécie na Reserva Nacional Colonso Chalupas, na província de Napo, e na reserva privada Sumak Kawsay, na vizinha Pastaza. A serpente apresenta uma pelve vestigial, característica das serpentes primitivas, evidenciando a redução dos membros nos répteis escamosos há milhões de anos devido às pressões climáticas da era quaternária.

Nova espécie é considerada uma relíquia por pertencer a um gênero de animais antigos e raros

A descoberta é considerada uma "reliquia" no mundo animal, pois as serpentes do gênero Tropidophis são animais antigos e raramente encontrados. A nova espécie é uma das seis do gênero encontradas apenas na América do Sul. Os pesquisadores alertam que a espécie deve ser considerada "ameaçada", pois habita apenas uma pequena área de selva tropical primária.

A pesquisa publicada no European Journal of Taxonomy destaca que a descrição de Tropidophis cacuangoae eleva para 34 o número de espécies válidas de jibóias-anãs, e o número de espécies continentais na América do Sul para seis. Sendo que três espécies (T. grapiuna, T. paucisquamis e T. preciosus) ocorrem nas terras altas da Mata Atlântica tropical do Brasil, enquanto outras três (T. batedoresbyi, T. cacuangoae e T. taczanowskyi) são encontradas na Cordilheira dos Andes.

Região amazônica equatoriana é área de grande biodiversidade com muitas espécies endêmicas

A descoberta da nova espécie de jibóia-anã enfatiza a necessidade de manter e aumentar as áreas protegidas na região amazônica equatoriana, destacando sua importância devido sua grande biodiversidade especialmente pela existência de espécies endêmicas e ameaçadas. Os pesquisadores ressaltaram a necessidade de aumentar a proteção das áreas de floresta primária na região, onde muitas espécies raras e únicas podem ser encontradas.

 

Colaboração internacional foi fundamental na descoberta dessa nova jibóia-anã

De acordo com o comunicado divulgado pelo Inabio, a nova espécie de jibóia-anã é uma adição importante para a biodiversidade da Floresta Amazônica equatoriana e ressalta a importância da conservação das áreas naturais da região. A jibóia-anã,Tropidophis cacuangoae, é um exemplo de como a biodiversidade pode ser afetada pela degradação ambiental e de como a descoberta de novas espécies pode ajudar a aumentar o conhecimento e a conscientização sobre a importância da conservação do meio ambiente.

A descoberta da nova espécie de jibóia-anã destaca a importância da colaboração internacional na pesquisa científica e na conservação da biodiversidade. Os pesquisadores envolvidos no estudo representam diversas instituições e países, incluindo o Equador, a Alemanha e o Brasil. A colaboração entre esses grupos permitiu uma análise abrangente da nova espécie de jibóia-anã e um melhor entendimento da sua relação com outras espécies do mesmo gênero.

Fontes: BTMais, UOL, RT, European Journal of Taxonomy, Novataxa, Diário Hoy, SWI, France24, El Espectador

Foto:Jibóia-anã_by Danilo Medina