O olho-de-fogo-rendado (Pyriglena
atra) também conhecido como papa-taoca-da-Bahia é uma ave endêmica
dos estados da Bahia e Sergipe. Seu habitat é uma pequena faixa do bioma Mata
Atlântica. Vive em áreas de floresta densa, evitando áreas abertas e
ensolaradas. Sua distribuição se estende pelas poucas matas existentes desde o
Rio Paraguaçu, ao longo do litoral norte da Bahia até o Rio São Francisco no
Estado de Sergipe. Está ameaçado, principalmente, pela destruição do habitat,
sendo por isso classificado na Lista Vermelha da
IUCN como espécie ameaçada de extinção (EN).
Destruição do habitat é o
maior problema para evitar extinção do papa-taoca-da-Bahia
O maior problema onde vive o olho-de-fogo-rendado,
é a intensa destruição que sofreu a Mata Atlântica para dar lugar a
pastagens, monoculturas e assentamentos irregulares ou mal planejados. A
floresta que ainda existe na região sofre com queimadas, retirada de madeira
para serrarias e outros usos.
O papa-taoca-da-Bahia tem porte
médio, com cerca de 17,5 cm de comprimento e pesando em média 35g. Seus olhos
são vermelhos. Os machos são pretos com uma mancha branca nas costas,
assemelhando-se a uma renda de tecido, com o branco aparentando estar
escorrendo, por este motivo seu nome olho-de-fogo-rendado. Esta
particular característica (mancha branca aparentando renda de tecido) o faz diferenciar-se
de seu semelhante o papa-taoca-pernambucano (Pyriglena pernambucensis)
que também tem uma mancha branca nas costas, mas com bordas bem definidas. As
fêmeas do papa-taoca-da-Bahia são marrons-avermelhadas na parte
superior, não apresentando a mancha branca nas costas, e nas partes inferiores
são mais pálidas com a cauda preta e garganta esbranquiçada.
O ninho deste pássaro fica no
chão e bem camuflado. É esférico com cobertura de folhas secas e revestimento
interno de fibras de piaçava. Fêmeas e machos incubam e fornecem os cuidados
aos filhotes. Sua alimentação inclui baratas, gafanhotos, formigas, lagartas e
lagartixas.
Reservas protegem áreas de floresta
do desmatamento e demais agressões antrópicas
O olho-de-fogo-rendado é
encontrado em duas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs): a RPPN
Olho-de-fogo-rendado (com103 hectares) e RPPN Curió
(com 13 hectares) ambas localizadas no município de São Sebastião do Passé, na
Bahia. A criação de reservas é importante porque esses trechos de mata,
mantidos em domínio privado, só podem ser utilizados para pesquisa científica e
atividades turísticas ou educacionais e tendem a evitar demais agressões
antrópicas.
Ação das ONGs são importante
fator na criação e expansão das reservas do patrimônio natural
Essas reservas foram criadas
devido ao esforço empreendido por organizações não governamentais (ONGs),
como o Instituto Amuirandê e a Associação Baiana para Conservação dos Recursos
Naturais (ABCRN), através do projeto “Aliança guigó/olho-de-fogo-rendado -
Criando RPPNs para proteger a Mata Atlântica”, que conta com o apoio da Aliança
para a Conservação da Mata Atlântica (uma parceria entre as ONGs Fundação SOS Mata Atlântica e Conservação Internacional) e da The Nature Conservancy (TNC), Essas ONGs atuam estimulando a criação de reservas em
propriedades particulares, além de sensibilizar a população local da importância
da preservação desses pássaros.
População do
papa-taoca-da-Bahia está em declínio rápido e contínuo
A estimativa de população é de 250-1000
indivíduos maduros, com um declínio populacional muito rápido e contínuo devido
às taxas de perda de habitat. Essa tendência poderia ser revertida se o número
de reservas florestais aumentasse, propiciando uma margem de segurança para a
sobrevivência da espécie em áreas conservadas e livres do desmatamento.
Fontes: Ciência Hoje, Wikiaves, Projeto Olho-de-fogo-rendado, Universo da Natureza, BirdLife International, Avibase, Rare earthtones
Fotos:Papa-taoca-da-Bahia(macho)_Sidnei Sampaio dos Santos e segunda foto: Papa-taoca-da-Bahia (fêmea)_Projeto Olho-de-fogo-rendado