Em duas ilhas do mediterrâneo, a
Córsega, pertencente à França e a Sardenha, território italiano, vive a única
população conhecida do veado-vermelho-da-Córsega (Cervus elaphus
corsicanus) também conhecido como veado-vermelho-da-Sardenha ou cervo
sardo ou cervo corso. Este mamífero é uma subespécie do veado
vermelho (Cervus elaphus) espalhado pela Europa e Ásia.
Cervo corso adquiriu
características particulares devido ao isolamento durante milhares de anos
O cervo corso é menor que
as outras subespécies do veado vermelho, e durante milhares de anos de
isolamento adquiriu outras características como pernas mais curtas, cauda mais
longa, rugido mais monótono, a pelagem é mais escura e avermelhada que a do
cervo europeu, com uma faixa preta particularmente evidente no verão, que
percorre o dorso da cabeça até a base da cauda e ciclo reprodutivo uma pouco
mais precoce. Os chifres também são aerodinâmicos e mais curtos, geralmente com
menos de 80 cm de comprimento. A pelagem é acastanhada. A expectativa de vida é
de 13 a 14 anos. Os machos atingem uma altura de 86–110 cm. E um peso de
100–110 kg; enquanto as fêmeas medem de 80 a 90 cm e pesam 80 kg.
Veado-vermelho-da-Córsega
ainda necessita de translocações artificiais para evitar sua extinção
O cervo da Córsega é endêmico
da Córsega e da Sardenha. Hoje, vive em estado selvagem em santuários em ambas
as ilhas; por exemplo, na Reserva
Natural de Monte Arcosu na Sardenha e no Parc
Naturel Régional de Corse, que cobre quase 40% da Córsega. O veado-vermelho
da Córsega é uma subespécie que ainda corre risco de extinção e que
necessita de projetos de translocação artificial para obter sua recuperação
completa com a formação de populações viáveis e conectadas.
No passado a subespécie foi
extinta da Córsega e manteve pequena população na Sardenha
Essa subespécie foi extinta na
Córsega no início dos anos 1970. Nessa época, na Sardenha restavam cerca de
250 animais em três áreas da ilha (Sulcis, Costaverde e Serrabus) que foram
protegidos e utilizados para reintrodução na Córsega. Em 1985 foram levados
para território corso 13 animais que foram mantidos em cativeiro para
reproduzirem, em 2007 a população do cervo já era de cerca de 250 indivíduos na
Córsega. Os programas eficazes de recuperação e reintrodução, assistiram ao
renascimento da população corsa e uma forte recuperação da população sarda. No entanto, ainda existiam grandes áreas das
duas ilhas onde este animal está ausente, para aumentar sua difusão, foi criado
o projeto “Um cervo, duas ilhas”.
Projeto europeu foi
fundamental para aumentar área de distribuição do cervo nas duas ilhas
O projeto europeu Life+ " Um
cervo, duas ilhas ", que teve início em 2012 sob a coordenação do Istituto
Superiore per la Protezione e la Ricerca AmbientaleI (I.S.P.R.A.) e
terminou em 2019, deu nova vida ao regresso do cervo da Sardenha e tirou
a espécie do abismo da extinção. Hoje, de fato, de acordo com censo de 2018 mais
de 10.600 cervos sardos vivem em toda a Sardenha, enquanto na Córsega
existem outros 2.500: mais de 13.000 no total, de acordo com os dados
apresentados ao final do projeto.
O projeto “Um cervo, duas
ilhas” foi financiado pelo fundo Life+
Nature e implementado através de parceria Sardenha-Córsega por entidades
públicas: (Provincia
Medio Campidano (líder) - Agenzia
FoReSTAS – Parc Naturel Régional de
Corse - Provincia
Ogliastra - Istituto Superiore
per la Protezione e la Ricerca AmbientaleI (I.S.P.R.A.). O projeto teve
foco em ampliar a área de distribuição do cervo nas duas ilhas e criar
corredores ecológicos conectando as áreas isoladas em que viviam os cervos
na Sardenha.
Mobilização de ambientalistas
impede a volta da caça ao cervo corso
O declínio histórico do veado-vermelho-da-Córsega
deveu-se ao desmatamento, incêndios de pastos e principalmente a caça. Embora a
situação atual seja promissora para sobrevivência do cervo, as ameaças
continuam. Por exemplo, em abril de 2022, autoridades ambientais da Sardenha
pretendiam abrir uma temporada de caça ao cervo com o objetivo de diminuir a
população do animal com a alegação de que haveria excesso de espécimes que
causaria " problemas sociais, econômicos e até de ordem pública ".
Ambientalistas se mobilizaram mostrando que na verdade a intenção era atender a
demanda de caçadores e que as alegações eram infundadas. Um abaixo assinado
obteve até o mês de junho, cerca de três meses portanto, 80.000 assinaturas que
conseguiu barrar a tentativa de eliminar exemplares do cervo que poderiam ser
realocados para outras regiões se fossem verídicas as alegações das autoridades
que pretendiam abrir a caça ao animal.
Cientistas confirmam
importância das reintroduções para salvar o veado-vermelho-da-Córsega
Em artigo publicado na revista
científica Animals (Basel)
de 11 de abril de 2022, pesquisadores concluíram que as reintroduções são
ferramentas eficazes para a conservação a longo prazo do veado corso,
desde que os riscos sanitários sejam minimizados por meio do
monitoramento sanitário do cervo reintroduzido para evitar a disseminação de
doenças.
Fontes: Life+ (1), Life+ (2), Reddit, Animalia, Pub Med, Oryx, Il Sole 24 Ore (1) , Il sole 24 Ore (2), Change.org, Radar Magazine, GrIG, Sherpa, Kodami, Hmong
Fotos: Veado-vermelho-da-Córsega_Creative Commons e segunda foto_Giovanni Paulis