Aumentam os esforços para salvar a choquinha-de-alagoas que está à beira da extinção


A choquinha-de-alagoas (Myrmotherula snowi) é uma pequena ave com 9,5 centímetros de comprimento e pesando 7 gramas. É considerada uma das aves mais ameaçadas de extinção no mundo. Vive em fragmentos conservados de Mata Atlântica acima de 400 metros de altura ao norte do rio São Francisco na região conhecida como Centro de Endemismo de Pernambuco(CEP).  Atualmente, a última população conhecida da espécie se encontra na Estação Ecológica (ESEC) de Murici no Estado de Alagoas que conta com estimados cerca de 50 exemplares. Antes era encontrada em três locais de Pernambuco, no entanto, um último exemplar foi avistado somente em 2009 com a ausência de registros recentes nessa região, especialistas consideram que provavelmente o pássaro está extinto nesse estado.

Esse pássaro se caracteriza por alimentar-se de pequenos artrópodes como grilos, baratas e aranhas que encontra em folhas verdes ou mortas. Os machos são completamente cinzas e as fêmeas são cor-de-canela.

O desmatamento com a fragmentação do habitat é a principal causa do declínio da espécie

A espécie atualmente está restrita a poucos fragmentos florestais que restaram do intenso desmatamento na região. Atualmente, só existem 9% da cobertura original de Mata Atlântica no estado de Alagoas, um número menor do que os 12% que restam desse bioma em todo o Brasil. É uma ave estritamente florestal. Não há evidências dela em pasto, áreas muito abertas como capoeiras ou regiões de mata secundária, como trechos de florestas que estão em regeneração.

Plano emergencial foi criado para tentar salvar a espécie da extinção

Considerando que o risco de extinção da espécie é muito alto, foi criado em 2016 o Plano Emergencial para a Conservação da choquinha-de-Alagoas, uma parceria entre a SAVE Brasil,  a Universidade Federal de Alagoas, a Universidade Federal da Paraíba, o Parque das Aves e o ICMBio. Esse plano prevê um conjunto de estratégias para garantir a sobrevivência da espécie a longo prazo, incluindo desde ações de pesquisa científica, monitoramento populacional, buscas por novas áreas de ocorrência, restauração de áreas de floresta ao redor da ESEC Murici até experimentos para a reprodução da espécie em cativeiro.


Ampla parceria de instituições nacionais e internacionais participam do projeto emergencial

 Em agosto de 2019 ocorreu reunião em Foz do Iguaçu, para desenvolver o plano de emergência para salvar a choquinha-de alagoas da ameaça de extinção. O encontro foi organizado pela Organização Não Governamental (ONG) SAVE Brasil, pelo Parque das Aves e pelo Conservation Planning Specialist Group da IUCN, com apoio da American Bird Conservancy. O workshop reuniu especialistas da Birdlife International, do Chester Zoo, do Toledo Zoo, da Durrell Wildlife, da Vogelpark Marlow, da Universidade de São Paulo, das universidades federais da Paraíba (UFPB) e de Roraima (UFRR), da Universidade Estadual do Norte-Fluminense e do Centro Nacional de Pesquisa para a Conservação das Aves Silvestres [Cemave] do ICMbio.

Como resultado da reunião em Foz do Iguaçu, foi desenvolvido um plano de ação visando a construção de conhecimento para proteger a espécie em seu habitat. Foi discutido a adoção de métodos para criar a ave em cativeiro para formar uma população significativa que possa ser devolvida à natureza, em áreas que equipes trabalharão para reduzir as ameaças. O projeto conta com financiamento da National Geographic Society, BirdLife International e WWF-Brasil.

A choquinha-de-Alagoas está incluída no Plano Nacional (PAN) de Conservação de Espécies da Mata Atlântica, coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave), do ICMBio.

Predadores de ninhos dificultam a recuperação da população da choquinha-de-alagoas

A manutenção sustentável do pequeno número de choquinha-de-Alagoas na natureza encontra dificuldades que independem muitas vezes da ação dos pesquisadores. Os ninhos da ave são predados por cobras e marsupiais dificultando a reprodução da pequena população. Os pesquisadores que protegem os ninhos comemoram vitórias como o nascimento de um filhote em 2021, mais um que se soma aos três nascidos nessa temporada. No entanto a predação é continua e o risco é permanente tornando mais urgente a criação de uma população de segurança em cativeiro para posterior soltura em unidade de conservação.

Fonte: ICMBio, EBird, UFal, Wikiaves, Outras Mídias, Gazeta de Alagoas, Clik Foz, TNH1, Pesquisa Fapesp, Funbio, Rede Macuco

 Fotos: Choquinha-de-alagoas_macho_by Ciro Albano e segunda foto: Fêmea_Green Day