Considerado um dos ungulados mais
ameaçados do mundo, o ibex walia ou ibex abissínio (Capra
walie) está confinado ao Parque Nacional
das Montanhas Simien, no norte da Etiópia, área protegida onde vivem várias
espécies ameaçadas de extinção e que foi declarado Patrimônio da
Humanidade pela UNESCO em 1978.
A espécie ocorre a uma altitude
média de 3.390 metros em áreas florestais, habitats de arbustos altos e também
prados de grama alta e savanas. Seus habitats são caracterizados por encostas
heterogêneas, incluindo sítios escarpados, desfiladeiros profundos e outros
habitats rochosos.
Longos chifres e barbas pretas
tornam o ibex walia animal apreciado aos visitantes do parque
O ibex walia têm uma
coloração de pelagem marrom, um focinho marrom-acinzentado e um cinza mais
claro nos olhos e nas pernas. A barriga e o interior das pernas são de cor
branca, e os padrões preto e branco se estendem sobre as pernas desses animais.
Os machos têm chifres muito grandes que se curvam para trás, atingindo
comprimentos de até 110 cm. Os machos têm barbas pretas distintas, fêmeas e
machos jovens não as têm. As fêmeas também têm chifres, mas são mais curtos e
finos. As fêmeas são menores e de cor mais clara. Os chifres em ambos os machos
e fêmeas são rígidos.
Espécie esteve à beira da
extinção tendo sido recuperada por boa gestão da conservação
O ibex abissínio chegou a
estar à beira da extinção. Em 1994 e 1996, a população foi estimada em 200 -
250 indivíduos, mas posteriormente em 2004 aumentou atingindo cerca de 500
indivíduos em 2004. Durante a contagem
de 2009 o número foi estimado em 745 indivíduos. Em 2012, a contagem realizada
no Parque Nacional das Montanhas Semien, registrou uma população estimada
entre 800 e 850 indivíduos. Atualmente seu número é estimado em mais de 1000
exemplares. O aumento da população do ibex Walia se deve,
principalmente, ao aumento gradual das estratégias de gestão da conservação
promovidas pelo governo etíope.
Embora seu numero ainda seja
insuficiente para salvá-lo sua situação já foi muito pior
Seu número ainda é considerado
insuficiente para considera-lo fora de risco de extinção, mas foi o
suficiente para ser incluído na Lista
Vermelha da IUCN na categoria vulnerável (VU) devido ao aumento de sua
população, uma posição melhor do que as anteriores “criticamente ameaçada”(CR)
e “em perigo de extinção”(EN).
Suas principais ameaças estão
relacionadas com o aumento da população humana na região
As principais ameaças à espécie
são a perda de habitat e a caça. O aumento da população humana em
assentamentos dispersos dentro e fora do parque, o consequente desenvolvimento
agrícola em terrenos íngremes, a intensificação da pecuária com um
número excessivo de gado doméstico e a construção de estradas
fragmentando o habitat estão degradando ainda mais a área onde vive o ibex
walia. Em relação a predadores, as hienas são os únicos capazes de matar um
ibex walia adulto. No entanto, os animais mais jovens e filhotes correm
risco de uma grande variedade de predadores, incluindo gatos selvagens e
raposas.
O ibex walia tem uma única população sobrevivendo em área muito restrita
Um dos problemas para a
conservação do ibex walia é o seu limitado habitat, uma área restrita de
cerca de 95 km² nas montanhas Simien da Etiópia, com quase toda a
população restante residindo ao longo de 25 quilômetros da escarpa norte no Parque
Nacional das Montanhas Simien. Aumentar os números da população no futuro
será inevitavelmente difícil, pois as estimativas preveem que o habitat atual da
espécie só pode comportar cerca de 2.000 indivíduos.
Criação em cativeiro do ibex
walia é importante para garantir sua sobrevivência futura
Levando em conta essa realidade
da atual área onde vive o ibex walia de comportar número limitado de sua
população, há necessidade de criação de animais com manejo rigoroso fora do
parque. Poderiam ser promovidas iniciativas de conservação baseadas em
incentivos e contando com apoio das comunidades, incentivando a proteção do ibex
abissínio fora do parque e possibilitando o estabelecimento de populações
em outras áreas.
Para uma conservação eficaz desta
espécie há necessidade urgente de iniciar um programa de reprodução em
cativeiro, pois não há exemplares cativos em nenhum lugar do mundo. A IUCN
recomenda capturar alguns indivíduos para formar um núcleo de segurança,
garantindo a sobrevivência da espécie e para posteriores solturas com a
formação de novas populações fora do parque.
Fonte: Addis
Herald, Ultimate
ungulate, AnimalDiversity,
Journal
of Biodiversity & Endangered Species, Ralph’s Wildlife and Wild
Places, AnimaliaBio, Papers in Natural Resources, Strigfixer
Foto: Ibex walia_Leonard A. Floyd