Macaco-caiarara continua na lista das 25 espécies de primatas mais ameaçados do mundo


O macaco-caiarara (Cebus Kaapori) também conhecido como caiarara, cairara, macaco-cara-branca ou ainda piticó,foi incluído novamente na lista global dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. Divulgada pela publicação Primates in Peril (Primatas em Perigo) a lista foi lançada em agosto deste ano (2022). Publicada desde o ano 2000 pela organização Re:wild a listagem é elaborada para chamar atenção das espécies de primatas que estão sob risco crítico de extinção. A edição atual, do biênio 2022-2023, traz quatro espécies brasileiras, além do macaco-caiarara. A publicação é feita em conjunto com o Primate Specialist Group (PSG), da União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN), e a Sociedade Internacional de Primatologia (IPS).

Manutenção na lista de primatas em perigo revela que se agrava a situação da espécie

A manutenção de um primata na lista global de primatas ameaçados significa que os esforços de conservação não estão avançando e que a situação da espécie está se agravando a cada biênio. Esse é o caso do macaco-caiarara que ainda integra a Lista Vermelha da IUCN na categoria de Criticamente Ameaçado (CR).

Macaco-cairara habita o início do arco do desmatamento da Amazônia

O caiarara habita a borda leste da Amazônia brasileira, no chamado Centro de Endemismo Belém, uma das mais antigas ocupações humanas na Amazônia, tem 70% de seu território desmatado, situado no nordeste do estado do Pará e noroeste do estado do Maranhão, onde começa a área denominada arco do desmatamento da Amazônia. O primata é muito raro, havendo registros de extinções locais devido à alta pressão de caça e alterações ambientais. Estima-se que houve uma redução de pelo menos 80% da população original nos últimos 48 anos.

Há risco de que em 30 anos o caiarara perca todo seu habitat

A espécie habita uma região densamente povoada com o maior nível de desmatamento e degradação de habitat em toda a Amazônia brasileira, onde a maioria das florestas remanescentes são manchas isoladas e degradadas em terras agrícolas. Um modelo de distribuição de espécies indica que o caiarara pode perder todo o seu habitat por causa das mudanças climáticas e do desmatamento nos próximos 30 anos.

Algumas áreas protegidas contêm subpopulações do macaco-caiarara

O caiarara tem ocorrência confirmada em algumas áreas protegidas: a Área de Proteção Ambiental (APA) do Lago de Tucuruí, que permite o uso sustentável; e a Reserva Biológica gurupi localizada no estado do Maranhão, no limite oeste do estado, perto da divisa com o Pará, sendo a única Unidade de Conservação de proteção integral na Amazônia Oriental. É provável sua presença nas RDS Pucuruí-Ararão e RDS Alcobaça no Estado do Pará. 

O macaco-caiarara é bastante raro. Uma Análise de Viabilidade Populacional indicou apenas três populações viáveis nos próximos 100 anos: um complexo de Territórios Indígenas no estado do Maranhão (Caru, Awá, Alto Turiaçu, Araribóia); Alto Rio Guama, território indígena do estado do Pará; e a Reserva Biológica gurupi ao longo da fronteira entre os dois estados.

O macaco-caiarara está presente em alguns zoos brasileiros

 Há criação em cativeiro do macaco-caiarara em alguns zoos, como o da Fundação Parque Zoológico de São Paulo, o Zoo do Rio de Janeiro (BioParque) e o Centro Nacional de Primatas (CENP), o que oferece a possibilidade de criação de programa para formação de uma população de segurança que possa preservar existência da espécie e criação de um grupo monitorado para ser reintegrado à natureza nos próximos anos.

Governo mantém estratégias para a conservação do macaco-caiarara

Estratégias para promover a conservação do caiarara estão incluídas no Plano Nacional de Ação para a Conservação dos Primatas Amazônicos (PAN Primatas Amazônicos) que foi elaborado a partir de uma oficina participativa realizada em junho de 2017 em Manaus. Há ainda o projeto “Primatas em Unidades de Conservação da Amazônia ” que inclui a Reserva Biológica de Gurupi como área de estudo. Este projeto é coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (ICMBio/CPB) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e tem como objetivo avaliar os impactos das queimadas em populações de primatas ameaçadas em áreas protegidas ao longo do Arco do Desmatamento da Amazônia Brasileira.

Fonte: Fauna News, ICMBio, UFPA, UCSocioambiental, PAN Primatas Amazônicos, Revista Veja, Portal do Holanda, O Eco, Primates in Peril 

Foto:Macaco-caiarara_by Marcelo Marcelino