O antílope de Swayne (Alcelaphus
buselaphus swaynei) conhecido localmente como qorkey é uma
subespécie que habitava todo o chifre da África. Seu nome é uma homenagem ao
expedicionário britânico Harald George Carlos Swayne (1860-1940), que o
identificou pela primeira vez na Somalilândia em 1891.
Antes abundante, na década de
1990 população do qorkey chegou à beira da extinção
Até o início da década de 1990,
esses antílopes eram abundantes nas pastagens da Etiópia, Somália
e Djibuti. Em 1992 sua população se reduziu a 70 exemplares devido à
caça excessiva, perda de habitat e ao aumento da intervenção humana, com a
conversão das pastagens para a agricultura ou a pecuária. O gado doméstico
trouxe o vírus da peste bovina que foi fatal para o antílope, que teve um
declínio populacional drástico. Atualmente a subespécie é encontrada somente na
Etiópia.
Esse raro antílope tem um porte
respeitável, medindo um metro no ombro e pesando entre 100 a 200 kg. Ambos os
sexos possuem chifres preto-acinzentados em espiral que podem medir até 45-70
centímetros. Os chifres são utilizados pelos machos para estabelecer domínio
durante a época de reprodução e também para afastar predadores.
População do antílope aumentou
nos últimos anos, embora seu número continue reduzido
O antílope de Swayne ainda
se encontra com número reduzido de indivíduos. Uma estimativa populacional
recente foi publicada na revista
Oryx na edição de maio de 2022 e confirmou que o animal está restrito a
duas localidades: Senkele
Swayne's Hartebeest Sanctuary e Maze National
Park, com populações estimadas de 518 e 1.010 indivíduos, respectivamente.
A população global é, portanto, de apenas 1.528 indivíduos.
Lideranças do povo Oromo tomaram
a iniciativa de salvar o qorkey
No início da década de 1990, os
registros mostram que havia cerca de 3.500 antílopes de Swayne no santuário
de vida selvagem. Mas nessa época o animal foi caçado intensamente por sua
carne e em um período de menos de um ano entre 1991 e 1992, o número de
antílopes caiu para menos de 70. Segundo as lideranças locais do povo Oromo
na época não havia ligação entre o povo e a reserva. Até que lideranças locais
da etnia começaram a realizar reuniões para discutir as consequências da
matança dos animais relacionando com suas tradições de conhecidos guardiães da
natureza.
Comunidade local assumiu a responsabilidade de proteger o antílope de Swayne
Sem nenhum órgão do governo para
assumir responsabilidades, as lideranças do povo Oromo conscientizaram a
comunidade local da importância de proteger o animal e criaram
diretrizes para acabar com a caça para alimentação. Formaram um comitê e
contrataram vigias para cuidar do santuário. Essas ações conseguiram
interromper a caça aos antílopes. A comunidade local passou então a
cuidar de sua proteção e atualmente as lideranças trabalham em sintonia com o Santuário
Senekele Swayne's Hartebeest. Entre as ações realizadas está evitar que os
antílopes se tornem fonte de alimento, nesse sentido são realizadas atividades
educativas sobre o papel essencial que o animal desempenha na manutenção das
pastagens saudáveis. Além disso, permitem que as pessoas colham as
gramíneas secas restantes que não são consumidas pelos animais. Essas gramíneas
são colhidas e adquiridas por mais de 10.000 pessoas que dividem entre 57
grupos comunitários que as utilizam para construir casas, fazer enfeites ou
vender para obter algum rendimento.
A ação das lideranças dos Oromos
obteve sucesso na medida que os meios de subsistência se tornaram mais seguros com
a obtenção de lucros e da conscientização. Assim a comunidade começou a
entender a importância e a necessidade de se manter os antílopes. Como
consequência a popularidade do santuário entre os moradores locais aumentou e
passaram a proteger os animais. Hoje a comunidade local garante a sobrevivência
do qorkey o que foi obtido através do respeito e implementação com
sucesso dos costumes e tradições locais. Sem os esforços desse povo, o antílope
de Swayne teria sido extinto.
Publicação alerta para o
perigo que corre o antílope e faz sugestões para sua conservação
Artigo científico publicado em 31
de agosto de 2020 na revista Journal of Natural
Sciences Research indica que o status populacional do antílope de Swayne
está diminuindo de tempos em
tempos devido à degradação do habitat, expansão da agricultura,
assentamento humano e pastagem de gado dentro e ao redor de área protegida. Em
função dessa realidade indicam a necessidade de ações imediatas de conservação,
incluindo monitoramento genético e reintroduções para estabelecer
populações independentes desse emblemático animal endêmico da Etiópia.
Fonte: One Earth, Oryx, Journal of Mammalogy , Biorxiv, Adis Abbaba University, Global Scientific Journals, JNSR, Mongabay,
Addis
Herald, Ethiopia
Observer
Foto: Antílope de Swayne_OneEarth e segunda foto: Antilope de Swayne_Maze National Park, by Misganaw Tamrat