Após uma ausência de milhares de
anos, o bisão europeu (Bison bonasus) acaba de retornar à
Inglaterra numa iniciativa para introduzir esses mamíferos em uma das maiores
áreas de floresta antiga do sudeste da Inglaterra (Floresta de Blean),
na região de Kent. Uma data histórica para ser lembrada o dia 18 de julho de
2022 quando foram soltos os primeiros exemplares para viver livremente como
animais selvagens no país.
Rebanho inglês começará com
quatro animais
O projeto de retorno do bisão é
uma colaboração entre o Wildwood Trust
e o Kent Wildlife Trust e
foi financiado pela People's
Postcode Lottery , num projeto denominado Wilder Blean.
O rebanho inglês começará com
apenas quatro animais. Uma fêmea mais velha que veio do Highland Wildlife Park, na
Escócia e três animais mais jovens: um macho que veio da Alemanha e duas fêmeas
que vieram do Fota
Wildlife Park da Irlanda. Inicialmente foram liberadas as três fêmeas.
Motivos para a reintrodução do
bisão na Inglaterra
Há dois motivos principais que
justificam trazer de volta o bisão a Inglaterra. Em primeiro lugar para
ajudar a garantir o futuro da espécie. Tendo chegado à extinção há um
século, as populações estão se recuperando agora, mas cada um dos 7.500 bisões
europeus vivos é descendente de apenas uma dúzia de indivíduos criados em
zoológicos. A diversidade genética é muito reduzida. Com o estabelecimento de
novos rebanhos há redução da endogamia, melhorando a resiliência da
espécie.
Em segundo lugar, o projeto Wilder
Blean visa restaurar um habitat de vida selvagem, hoje a floresta de
Blean é coberta por coníferas altas e não nativas que bloqueiam a luz. As
atividades diárias do bisão provocam modificações que interferem no ecossistema
transformando-o e mantendo uma floresta saudável, simplesmente fazendo
atividades normais de bisão – pastar, forragear, pisar, chafurdar, defecar –.
Bisões são engenheiros de
ecossistema e regeneram as florestas
O objetivo geral do projeto Wilder
Blean é fazer com que os bisões atuem como “engenheiros de ecossistema”
naturais e contribuam para restaurar a vida selvagem. A expectativa é que o
comportamento natural dos animais deve transformar uma densa floresta comercial
de pinheiros em uma floresta natural vibrante. Seu gosto pela casca matará
algumas árvores e seu volume abrirá trilhas, deixando a luz se espalhar no chão
da floresta, enquanto seu costume de rolar em banhos de poeira criará mais
terreno aberto. Tudo isso deve permitir que novas plantas, insetos, lagartos,
pássaros e morcegos prosperem. Além disso, os bisões são como bancos de
sementes gigantes, pois à medida que se movem coletam e dispersam sementes ao
longo do caminho.
Bisões são os maiores animais
do continente europeu
O bisão europeu é o maior
animal terrestre do continente – os machos podem pesar uma tonelada – e foram
extintos na natureza no início do século XX, mas estão se recuperando por meio
de projetos de reintrodução em toda a Europa. Atualmente existem 7.500 bisões
vivendo no continente europeu e todos são descendentes de apenas 12 animais,
portanto maximizar a diversidade genética é fundamental para a
conservação da espécie.
Populações do bisão estão em
expansão pelos países europeus
Rebanhos de vida livre são
encontrados atualmente na Polônia, Lituânia, Áustria, Bielorrússia, Ucrânia,
Bulgária, Romênia, Rússia, Hungria, Eslováquia, Letônia, Suíça, Suécia, Quirguistão,
Alemanha, Moldávia, Espanha, Dinamarca, e República Checa. Em março de 2022 5
bisões foram reintroduzidos na Sérvia. A Floresta Primitiva de Białowieża,
uma floresta antiga que atravessa a fronteira entre a Polônia e a Bielorrússia,
continua a ter a maior população de bisões europeus de vida livre do mundo, com
cerca de 1.000 bisões selvagens.
Fonte: Discover Wildlife, Metro News, Irish Times, Kent Wildlife Trust, GBIF.Discover Wildlife
Foto: Uma das fêmeas de bisão introduzidas na Inglaterra_PA e segunda foto: as três femeas do rebanho inglês_PA