A subespécie da Ema de Darwin no Peru está ameaçada e com população em declínio


A ema-de-Darwin (Rhea pennata) também conhecida na Argentina e Chile com como nandú andino e no Perú e Bolívia como suri, é um parente menor da ema, da qual se diferencia facilmente por ter manchas brancas pelo dorso. É uma grande ave que não voa e a menor das duas espécies existentes de ema.

A ema-de-Darwin mede 92,5 a 100 cm. Seu peso é de cerca de 15 a 25 kg e pode atingir velocidades de 60 km/h. A espécie é caçada por suas penas, carne, ovos e outras partes do corpo. Seu habitat está sendo destruído pela agricultura. Em algumas áreas de mineração, elas são caçadas até por jipes.

Há três subespécies da ema-de-Darwin

A ema-de-Darwin tem três subespécies. A espécie tipo Rhea pennata pennata, encontrada nas estepes patagônicas da Argentina e do Chile, também conhecida como nandu patagônico ou choique.; a Rhea pennata tarapacensis que vive no deserto de puna no Chile (Arica e Atacama); e a Rhea pennata garleppi encontrada no deserto de puna no sudeste do Peru, sudoeste da Bolívia e noroeste da Argentina. As duas últimas subespécies habitam planícies abertas com pastagens, matagais e nos vales entre montanhas acima de 3.500 m de altitude.

A ema-de-Darwin vive em áreas de mato aberto nos campos da Patagônia e no planalto andino (o Altiplano), vivendo na Argentina, Bolívia, Chile e Peru. Todas as subespécies preferem pastagens, matos e pântanos. No entanto, a subespécie tipo, do sul (R.p.pennata) prefere elevações inferiores a 1.500 m, enquanto as outras subespécies normalmente variam entre 3.000 a 4.500 m.

As duas espécies do norte da ema-de-Darwin estão ameaçadas de extinção

 A subespécie do sul (R.p.pennata) permanece relativamente difundida e localmente bastante comum. A situação para as duas subespécies do norte é mais preocupante, com suas populações estimadas como sendo em centenas. Devido ao baixo número dessas subespécies do norte há quem defenda que sejam consideradas uma única subespécie sob o nome de “tarapacensis”.

Há um esforço nacional para salvar da extinção a subespécie do Peru

A subespécie do Peru, o suri (Rhea pennata garleppi) está criticamente ameaçada de extinção. De acordo com o último censo realizado pelo Serviço Nacional de Florestas e Vida Selvagem (SERFOR) em 2016, nesse país existem 350 emas-de-Darwin. Este número é menor que o obtido pelo censo de 2008, quando foram registrados 447 indivíduos. O maior número de suris na natureza é encontrado em Tacna, onde foram registrados 166 indivíduos; em segundo lugar, Puno com 112; depois Moquegua com 72 animais. Existem atualmente três áreas naturais protegidas dedicadas à sua conservação: Área de Conservação Regional Vilacota Maure (ACR), em Tacna; e as áreas de conservação privada Taypipiña e Checca, ambas em Puno.

Há também uma população cativa que não é considerada no censo do Serfor. O Centro de Resgate do Projeto Especial Binacional Lago Titicaca (PEBLT), em Puno, abriga 90 indivíduos. Seu objetivo é conseguir a reintrodução da espécie. Sumac Kantati é outro centro de resgate em Puno, administrado pelo Instituto Mallku para o Desenvolvimento Sustentável. Possui 40 indivíduos criados para fins de reprodução.


Há inúmeras ameaças à conservação do suri no Peru

Os projetos de exploração mineira e hidroenergética colocam em risco a sobrevivência do suri, no Peru, pois perturbam seu habitat natural com a presença de veículos, máquinas pesadas e trabalhadores que transitam próximos aos locais onde a espécie se desloca. O suri precisa de espaços amplos, são animais enormes que percorrem longas distâncias e se alimentam de frutas encontradas em áreas úmidas. Se o seu habitat for afetado, sua conservação é mais difícil, segundo pesquisadores peruanos. A competição por alimentos com animais domésticos e com o gado dos camponeses assentados nas áreas onde vivem também se tornou um risco. Além disso ainda há as ameaças que permanecem como a caça furtiva, a coleta de ovos (para consumo pessoal, medicinal e artesanato), a diminuição e fragmentação de seu habitat, entre outros.

No Peru as populações são muito pequenas e sua distribuição é restrita a três departamentos, com tendência ao declínio. A possibilidade de diminuição da variabilidade genética é um sério risco de extinção para a espécie devido sua baixa população.

No norte da Argentina a subespécie garleppi também está em declínio

Na ecorregião sul de puna, na Argentina as populações selvagens da subespécie garleppi são encontradas em baixas densidades, com flutuações severas em toda a área de distribuição da espécie, e com tendência a diminuir ou se extinguir localmente em muitos casos. Na Puna, os principais fatores que afetam negativamente as populações selvagens desta ave são a caça para consumo de carne e a colheita de ovos como recursos de subsistência. Outra ameaça é o uso pela população local de subprodutos, como penas, pele, gordura e ossos.  Neste cenário, e de forma a garantir a sua conservação a longo prazo, a subespécie R. p. garleppi é considerada em risco de extinção na região. No entanto, a falta de conhecimento sobre o estado atual das populações silvestres dificulta a conservação desta subespécie.

Fonte: Biodiversifica-t, Revista Chilena de História Natural, Animal Diversity Web (ADW),  GBIF,  Peruaves, Birdlife International, Revista Chilena de História Natural, Emu - Austral Ornithology, Conicet,  Ministério de Agricultura del Peru,  Birds of Bolivia, ONU-Meio Ambiente, Mas Neuquén, SPDA – Actualidad Ambiental, Alchetron, Mongabay, Conservation Internacional, Canal Ipê, Inforegion, Plan Nacional para la Conservación del Suri 2015-2020 , WWF, Ladera Sur 

Foto: Ema-de-Darwin(R.p.garleppi)-Flickr e segunda foto: by Serfor