A Ararinha azul (Cyanopsitta spixii) foi declarada extinta na natureza no ano 2000, quando o último exemplar foi avistado. Hoje há 240 aves da espécie todas em cativeiro, na Alemanha, Bélgica, Cingapura e agora no Brasil com a vinda de 52 exemplares em 2020. Na Lista Vermelha da IUCN consta como extinta na natureza (EW).
A ararinha-azul é um
psitacídeo de tamanho médio, com o comprimento do corpo de cerca de 55-57 cm e
1,20m. de envergadura com uma cauda longa e asas estreitas. Os adultos são
principalmente azuis, mais claros na região ventral, mais escuros dos lados,
costas parte superior das asas e cauda; a testa e as penas que cobrem o ouvido
são acinzentadas, com tonalidade azul, o resto da cabeça e o pescoço são
azul-acinzentados. As partes inferiores têm uma ligeira coloração esverdeada.
Penas de voo e da cauda pretas. Íris Clara ou amarela, bico preto e pernas
cinza.
Tráfico de animais foi uma das
principais ameaças para a extinção da ararinha-azul
A extinção da ararinha-Azul
deveu-se principalmente ao desmatamento e o tráfico de animais
silvestres. Caçada pela sua beleza a ave não resistiu ao declínio acentuado
de sua população e desapareceu da natureza no ano 2000. Com os exemplares em
cativeiro se reproduzindo satisfatoriamente, abriu-se a perspectiva de
reintrodução da espécie na natureza, o que teve início em 2020 com a vinda de
exemplares do exterior para aclimatação no ambiente natural e posterior soltura
que ocorrem em junho de 2022.
Ararinhas que vieram ao Brasil
tiveram origem em criatório alemão
As ararinhas que vieram ao Brasil
são originárias de um grupo grande que estava na Instituição de Preservação da Vida Selvagem Al
Wabra, do Catar. Esta ONG enviou as aves em 2018 à Associação para a
Conservação de Papagaios Ameaçados (Association for the Conservation of
Threatened Parrots – ACTP), que em 2020 remeteu os 52 exemplares ao Brasil.
O criatório da ACTP na Alemanha abriga 90% das ararinhas azuis
existentes no mundo.
Das 52 ararinhas azuis que
chegaram, em menos de um ano um casal gerou três filhotes, os primeiros
a nascerem no criatório especialmente construído para recebe-las. O primeiro
nasceu em 13 de abril de 2021, os outros dois em 6 e 9 de junho desse mesmo
ano.
Criatórios foram criados no habitat
histórico da ararinha-azul para aclimatação
Para tornar viável o processo de reintrodução
da ararinha-azul ao seu habitat natural foi criado em 2018 o Refúgio
de Vida Silvestre da Arara Azul, em Curaçá e a Área de Proteção Ambiental
da Ararinha-Azul, em Juazeiro, ambos na Bahia. Foram criados para
receber as aves que em 2020 a ONG alemã, ACTP, enviou ao Brasil. Todos
os custos do programa de repatriação da ararinha-azul vieram da
associação alemã, incluindo a construção do centro de reintrodução na Bahia no
valor de US$ 1,4 milhão.
O processo de reintrodução é
longo e levará cerca de 20 anos para saber se foi bem sucedido. A
perspectiva de vida da ave é de 20 a 40 anos. A expectativa é a soltura de 20
exemplares a cada ano, em 10 anos poderia haver, teoricamente, 200 livres na
natureza, sem levar em consideração a taxa de mortalidade que sempre
existe e os prováveis nascimentos.
Finalmente em junho deste ano foram
reintroduzidas na natureza grupo de ararinhas-azuis
No dia 11 de junho deste ano
(2022) foram soltas 8 ararinhas-azuis (cinco fêmeas e três machos) em Curaçá,
no sertão da Bahia, depois de 22 anos de serem declaradas extintas na natureza.
A soltura é uma das etapas do Plano
de Ação Ararinha-Azul, do ICMBio em parceria com a ONG ACTP, da Alemanha e
instituições privadas apoiadoras do projeto. Outra reintrodução das ararinhas
na natureza está programada para dezembro deste ano, com a soltura de mais 12
exemplares.
Foto: Ararinhas-azuis_Divulgação ACTP