O lobo vermelho (Canis rufus), um canídeo selvagem do sudeste dos Estados Unidos vive um segundo momento de luta pela sobrevivência. Considerado extinto na natureza em 1980, sua população chegou a se recuperar e novamente caiu em declínio acentuado, estando à beira da extinção novamente. Na Lista Vermelha da IUCN a espécie está classificada como criticamente ameaçada (CR).
Os lobos vermelhos possuem os
lados e a cabeça com uma mistura de marrom acastanhado, cinza claro e vermelho
enferrujado, enquanto o peito e as pernas são vermelhos ou castanhos e branco
cremoso. Há marcas claras ao redor dos lábios e olhos e algumas pretas ao longo
de suas costas. Tem uma cauda espessa com ponta preta. Durante o outono, cresce
uma pelagem mais longa que troca por uma mais leve na primavera.
Programa de reprodução em
cativeiro foi essencial para salvar a espécie
Com o objetivo de tentar salvar a
espécie da extinção, pesquisadores retiraram os últimos indivíduos da natureza
e levaram para o cativeiro. Assim, em 1980, essa espécie foi considerada extinta
na natureza. Em cativeiro, os pesquisadores buscavam preservar a espécie,
evitar a hibridação, aumentando a quantidade de lobos vermelhos de forma a
restabelecer, futuramente, a espécie na natureza.
O Programa de Reprodução
em cativeiro Red
Wolf Species Survival Plan (SSP)- teve início em 1984 com 63 lobos
vermelhos cativos, o que foi possível porque por meio dos esforços coordenados
de várias instituições e sob coordenação da Associação
de Zoológicos e Aquários (AZA) aumentou a população, tornando viável os
esforços de reintrodução. A reprodução em cativeiro salvou o lobo vermelho
da extinção e é um fator fundamental na recuperação de sua população
selvagem. Os lobos vermelhos cativos estão dispersos em diversas
instalações por todo os Estados Unidos, no entanto são gerenciados como
uma única população. Normalmente são transferidos entre as instalações para
manter a diversidade genética. O contato humano com a população em
cativeiro é minimizado, e são avaliados e selecionados para liberação na
natureza com base em sua composição genética, desempenho reprodutivo,
comportamento e adequação física.
Reintrodução do lobo vermelho
na natureza teve início após o aumento da população cativa
O programa de
recuperação do lobo-vermelho, iniciado em 1987, começou com esforços de reintrodução
na natureza, no nordeste da Carolina do Norte, com a liberação de lobos
vermelhos da população cativa, no Alligator River National
Wildlife Refuge (NWR). Entre 1987 e 1994, mais de 60 lobos vermelhos
adultos da população cativa foram liberados no local. Em meados da década de
1990, os lobos vermelhos na natureza mantinham territórios, formavam
matilhas e se reproduziam com sucesso. Em 2011, este esforço de reintrodução
culminou em uma população conhecida (por exemplo, com colar de rádio) de 89
lobos vermelhos e, em 2012, uma população estimada de 120 lobos vermelhos
dentro da área de cinco condados (de Beaufort, Dare, Hyde, Tyrrell e
Washington) na Carolina do Norte. Esta foi a primeira vez que um grande
carnívoro foi declarado extinto na natureza e depois reintroduzido nos Estados
Unidos.
Diminuição drástica da
população de lobos vermelhos após redução significativa da proteção
Após o pico de 2012, a população
diminuiu drasticamente. A mortalidade causada pelo homem (por exemplo, tiros,
colisões com veículos) tem sido a principal causa desse declínio. A
hibridização com coiotes, também desempenhou um papel fundamental nesse
declínio. No ano de 2020 restavam, em estado selvagem, somente nove indivíduos
– todos rastreados por coleira GPS – Embora houvessem cerca de 40 lobos
vermelhos na natureza em 2018, os proprietários de terras foram
autorizados, de 2016 a 2018, a matar qualquer animal que entrasse em suas
terras. Um juiz federal interveio impedindo a medida, mas o governo Trump
propôs restringir a área protegida de lobos vermelhos em 10% e autorizar
o abate fora dessa área novamente, sob o argumento de preservar a população e o
gado. Diante de tal colapso das populações selvagens, o programa de
recuperação da espécie decidiu interromper as reintroduções por um
tempo. Sem ação urgente, especialistas previram uma possível extinção na
natureza já em 2023. A situação mudou, favoravelmente ao lobo vermelho, somente
com a mudança de governo em 2021.
Embora a população esteja
bastante reduzida há motivos para otimismo
Atualmente, existe apenas uma população
selvagem de lobos vermelhos, no leste da Carolina do Norte. Uma
estimativa de população realizada em maio de 2022 indica uma população selvagem
de 20 a 23 indivíduos – 12 portando coleiras – e uma população reserva em
cativeiro de 241 exemplares.
Uma boa notícia, bastante
comemorada por especialistas, foi o nascimento em maio de 2022, de 6 filhotes
de lobo vermelho na natureza, no Alligator River National Wildlife Refugee,
o que não acontecia desde 2018.
Conscientização da população é
fundamental para salvar a espécie de nova extinção
Para salvar a espécie da extinção
é fundamental que as pessoas entenderem a importância de os lobos voltarem a
natureza de onde nunca deveriam ter saído e que não representam uma ameaça á
vida humana. Nos Estados Unidos, os lobos vermelhos são legalmente
protegidos pela Lei
de Espécies Ameaçadas, mas um estudo recente publicado na revista
científica Biological
Conservation em outubro de 2021 constatou que uma pequena quantidade de
pessoas presente na área de recuperação da espécie representa o
principal fator que a leva à extinção. Apesar de a maioria dos moradores
relatar impressões positivas sobre os lobos-vermelhos, 11% dos caçadores
da área disseram que, se encontrassem um lobo, o matariam.