A abetarda indiana (Ardeotis
nigriceps) ou abetarda-da-Ăndia estĂĄ entre as aves voadoras mais
pesadas do mundo, medindo até um metro de altura e pesando 15 quilos. Restam
somente 150 exemplares selvagens desta ave, predominantemente na Ăndia, com
poucos indivĂduos no PaquistĂŁo. Embora nĂŁo seja a maior das abetardas
esta espécie é a maior ave terrestre em sua årea de distribuição nativa. Atualmente
na Lista
Vermelha da IUCN estå descrita como criticamente ameaçada (CR) devido
a sua raridade e ao rĂĄpido declĂnio da população.
Situação da espécie é bastante
crĂtica havendo poucos exemplares na natureza
A situação da espécie no Paquistão
Ă© bastante precĂĄria pois os poucos exemplares sofrem pela falta de proteção e Ă
caça desenfreada. Na Ăndia sua população estĂĄ restrita a bolsĂ”es
isolados em Andhra Pradesh, Gujarat, Karnataka, Maharashtra, Madhya Pradesh e
Rajastão (compartilhado com o Paquistão). Em 2018 sua população estimada
era de 150 indivĂduos, que se acredita permaneça esse nĂșmero atĂ© hoje. O maior
grupo vive no Estado de
RajastĂŁo.
A grande abetarda-da-Ăndia
Ă© uma ave terrestre inconfundĂvel com sua coroa preta contrastando com a cabeça
e pescoço claros. O corpo é acastanhado com uma mancha preta manchada de
branco. O macho é de cor castanha-clara arenosa e, durante a época de
reprodução, apresenta uma faixa peitoral preta. Na fĂȘmea, que Ă© menor que o
macho, a cabeça e o pescoço não são totalmente brancos e a faixa peitoral é
rudimentar, quebrada ou ausente. Seu habitat consiste de grandes extensÔes de
pastagens secas e arbustos.
Principal causa do declĂnio da
população da espécie é a perda e degradação do habitat
A perda e a degradação do habitat
sĂŁo as principais causas do declĂnio da população do grande abetarda indiana.
Os ecologistas estimam que aproximadamente 90% da ĂĄrea geogrĂĄfica natural da
espĂ©cie, que antes abrangia a maior parte do noroeste e centro-oeste da Ăndia,
foi perdida, fragmentada pela construção de estradas e atividades de mineração
e transformada pela irrigação e agricultura mecanizada. A caça é outro fator
que contribuiu para a diminuição da população da ave. Essas atividades,
combinadas com a baixa fecundidade da espécie e a pressão dos predadores
naturais, deixaram a abetarda na situação crĂtica em que estĂĄ hoje.
Entre as ameaças atuais estão
as colisÔes de abetardas nas linhas de transmissão de energia
São ameaças atuais à grande
abetarda indiana o desenvolvimento de infraestrutura, como estradas e
linhas de energia elétrica no deserto, bem como a expansão de equipamentos de energia
renovĂĄvel como a eĂłlica e a solar que necessitam de grandes
espaços que pode ser suprido pelas åreas de deserto e pastagens. As colisÔes
com a infraestrutura de linhas de energia instaladas sobre o habitat da
espécie, tem resultado em severo impacto negativo em sua população.
Em 2020 a Suprema Corte em
decisão inédita tomou a decisão de exigir que as linhas de transmissão de
energia, em grande parte da regiĂŁo, sejam enterradas para impedir a colisĂŁo
das abetardas. As empresas argumentam que isso acarretaria US$ 4 bilhÔes
em despesas adicionais e prejudicaria projetos jĂĄ autorizados que somam quase
20 gigawatts de energia solar e eólica. Ironicamente o esforço para
salvar a abetarda coloca em risco uma outra grande causa ambiental. A
decisão judicial decorre de uma petição apresentada em 2019 por ativista
ambiental. Os juĂzes basearam a ordem em um relatĂłrio do Instituto de Vida Selvagem da Ăndia, ĂłrgĂŁo
governamental que concluiu que a menos que a mortalidade nas linhas de
energia diminuam com urgĂȘncia, a extinção das abetardas Ă© uma certeza.
Hå diversos esforços de
instituiçÔes nacionais e internacionais para salvar a abetarda indiana
Em 2020 ainda, o Congresso Mundial de Conservação da
IUCN lançou manifesto apelando ao Governo da Ăndia, empresas de energia
renovĂĄvel (especialmente eĂłlica e solar) e outras empresas de
energia que operam na Ăndia para garantir que todas as novas infraestruturas
de energia cumpram medidas para evitar a colisĂŁo de abetardas e a
consequente eletrocussão; recomendaram também que haja esforços para
diminuir as colisÔes de abetardas através da realocação, realinhamento
ou redesenho das infraestruturas de linhas elétricas, moinhos de vento e
painĂ©is solares; e apelaram para que o Governo da Ăndia e os respectivos
governos estaduais onde ocorrem abetardas, empresas de energia, instituiçÔes
financeiras e outras partes interessadas a se relacionarem entre si e com a CMS , Instituto
de Vida Selvagem da Ăndia, Fundação
Corbett, Bombaim Natural History Society
e outras organizaçÔes que trabalham com esta espécie para garantir que as infraestruturas
existentes e planejadas que sĂŁo prejudiciais Ă s abetardas sejam
identificadas e sujeitas a açÔes corretivas urgentes, com monitoramento para
medir a eficĂĄcia.
Hå ainda esforços para a criação
da espécie em cativeiro para evitar a sua completa extinção, nesse sentido foi
comemorado o nascimento de nove filhotes incubados com sucesso no ano de 2020. Curiosamente
sete sĂŁo fĂȘmeas, um macho e o nono nĂŁo havia sido ainda apurado. Esses ovos
foram recolhidos na natureza visando a obtenção de um nĂșmero de aves em
condiçÔes de preservar a espécie para posteriores solturas no ambiente natural.
Fonte: The Weather Channel, Bhaskar, Britannica, CMS, IUCN Congress2020, Exame, Stringfixer, WWF Ăndia, Mongabay India, The Hindu(1), The Hindu(2), Indian Express, The Hindu Business Line, DowntoToEarth, The Times of India, CMS, Forest Rajasthan
Foto: Grande Abetarda Indiana_by Vinod Bartakke e segunda foto: Forest Department of Gujarat