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Os macacos-aranha estão entre os maiores primatas das Américas, pertencentes ao gênero Ateles, eles são encontrados em florestas tropicais da América Central e do Sul, do sul do México ao Brasil. São macacos que possuem membros desproporcionalmente longos e longas caudas preênseis, que permitem que andem pelas copas das árvores usando os dois braços para se movimentar rapidamente, e se segurando com a cauda, que funciona como um quinto membro. Esses primatas são conhecidos como “macacos-aranha” devido a essa característica de seu corpo.
Lenta reprodução dos
macacos-aranha dificulta a recuperação das populações desses primatas
Macacos-aranha vivem nas
camadas superiores da floresta tropical e forrageiam no dossel alto, comendo principalmente
frutas, mas ocasionalmente também consomem folhas, flores e insetos. São
animais sociais e vivem em bandos de até 35 indivíduos, mas se dividem para se
alimentar durante o dia. Em relação às outras espécies de primatas das
Américas, os macacos-aranha se reproduzem mais lentamente,
acasalando uma vez a cada 3 a 4 anos, gerando um filhote a cada gestação, o que
confere uma dificuldade adicional para a recuperação das populações desses
macacos.
Brasil possui o maior número
de espécies de macacos-aranha
Existem sete espécies de
macaco-aranha, quatro encontradas no Brasil: macaco-aranha-preto (Ateles
chamek), o macaco-aranha-da-cara-vermelha (Ateles paniscus),
o macaco-aranha-da-cara-branca (Ateles marginatus) e o macaco-aranha-do-peito
amarelo (Ateles belzebuth). As outras três que não são encontradas
em território brasileiro são: o Ateles hybridus, que vive na Colômbia e
Venezuela; o Ateles fusciceps que vive no Panamá, Colômbia e Equador e o
Ateles Geoffroyi na América Central, México e Colômbia.
Dentre os macacos-aranha que
vivem no Brasil o menos conhecido para a ciência e o que apresenta maior risco
de extinção é o macaco-aranha-de-cara-branca (Ateles marginatus)
também conhecido como macaco-aranha-da-testa-branca, cuamba, no Pará,
e guatá, no Mato Grosso. É endêmico do Brasil, ocorre
entre o rio Tapajós (margem direita) e seu afluente, o rio Teles Pires (margem
direita) e o rio Xingu (margem esquerda), ao sul do rio Amazonas, com
distribuição somente nos estados do Pará e Mato Grosso. Dentre os
macacos-aranha é facilmente identificável pois possui barbicha e testa branca, o
que o diferencia dos demais.
Devido ao seu grande tamanho, os macacos-aranha-de-cara-branca
requerem grandes extensões de florestas úmidas sempre verdes e preferem florestas primárias
de terra firma não perturbadas e que podem ser sazonalmente inundadas.
Tendo pouca tolerância a modificações no ambiente. Infelizmente essas florestas estão sofrendo
intensa devastação, afetando o habitat dos macacos-aranha e que juntamente com
a caça os colocam como espécies ameaçadas de extinção.
Macaco-aranha-de-cara-branca
como dispersor de semente é importante para o ecossistema
Como frugívoros, os macacos-aranha-de-cara-branca
desempenham um papel importante no ecossistema como dispersores de
sementes. Um estudo descobriu que esses macacos depositam as sementes de
138 espécies de plantas, 94% das espécies que consomem, tornando-os dispersores
altamente eficazes e extremamente importantes para o ciclo de vida dessas
espécies de plantas.
A espécie ocorre no arco do
desmatamento o que aumenta seu risco de extinção
A área de ocorrência do macaco-aranha-de-cara-branca
coincide com a região conhecida como arco do desmatamento. Nessa área o
desmatamento tem sido contínuo, e com tendência a crescer devido a devastação
da floresta, ampliada pelo aumento de rodovias na região, a implantação
de hidrelétricas, de assentamentos rurais e o cultivo de lavouras –
principalmente da soja – do aumento da pecuária, além da caça que aponta para
uma redução populacional de pelo menos 50% ao longo dos próximos 45 anos sendo,
portanto, avaliado como em perigo de extinção (EN) pela Lista
Vermelha da IUCN.
As queimadas no arco de
desmatamento no Estado do Mato Grosso em 2020 foram particularmente
catastróficas para os macacos-aranha-de-cara-branca com a morte de
inúmeros animais que perderam seu habitat e foram mortos pelo fogo. A matança,
que incluiu outras espécies de animais e aves, foi de tal grandeza que os
moradores relataram que era possível sentir o cheiro de carne queimada na
região.
Áreas protegidas podem
garantir a sobrevivência da espécie
Felizmente parte do território
desta espécie se encontra em florestas nacionais protegidas, ente as quais
estão a: Floresta Nacional do Tapajós, Floresta Nacional do Xingu,
Floresta Nacional de Altamira, Floresta Nacional de Itaituba I e Floresta
Nacional de Itaituba II. Essas áreas protegidas de floresta garantem um
habitat mais preservado ao macaco-aranha-de-cauda-branca.
Manejo de exemplares em
cativeiro devem contribuir para a conservação da espécie
Como esforço de conservação desta
espécie foi assinado em 2018, pela Associação
Brasileira de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB) e pelo Instituto Chico Mendes para Conservação
da Biodiversidade (ICMBio), um Acordo de Cooperação Técnica para elaboração,
implementação, manutenção e coordenação dos programas de manejo em cativeiro de
espécies ameaçadas em zoológicos. O macaco-aranha-de-cara-branca foi
incluído dentre outras 25 espécies. O objetivo é que todos os zoológicos
associados da AZAB, busquem delinear em conjunto projetos e ações em prol da
conservação da espécie.
Fonte: G1 Globo, ICMBio,
ZooDF, CENP, Prefeitura
de Goiânia, Landscape
News, Springer
Link, Portal
Veg, New
England Primate Conservancy, Animalia, Earth’s
Endangered Creatures, Primates Park
Foto: Macaco aranha de cara branca_mkoltzenburg_a e segunda foto: Lilian Tomazelli