Iminente extinção do antílope addax na natureza


 O addax (Addax nasomaculatus) é um dos grandes ungulados mais adaptados ao deserto e é encontrado em regiões arenosas e pedregosas do deserto do Saara, com a maior população no Níger. Eles ocorrem em áreas de temperaturas extremas altas e baixas, variando de -5 a 60o.C, combinadas com períodos de seca extrema. Anteriormente ocorreu em áreas desérticas e semidesérticas do Saara Ocidental e Mauritânia ao Egito e Sudão. O alcance atual foi reduzido para regiões desérticas no nordeste do Níger e centro-norte do Chade. A Lista Vermelha da IUCN descreve o antílope addax como criticamente ameaçado.

O addax é um dos antílopes mais adaptados a viver no deserto do Saara

A cor da pelagem desses antílopes do deserto muda de marrom acinzentado escuro no inverno para branco no verão, um método eficiente de manter a temperatura corporal. Marcas brancas estão presentes no rosto, acentuando o emaranhado de pelos castanhos a pretos na testa. Tanto os machos quanto as fêmeas têm chifres espirais, mas os chifres dos machos podem crescer até 109 cm, enquanto os das fêmeas crescem apenas até 80 cm. Eles têm cascos largos com solas planas que ajudam a evitar que afundem na areia do deserto. O addax se move pelo deserto em rebanhos de cerca de 5 a 20 animais que é liderado por um macho adulto dominante.

O addax se alimenta de gramíneas e arbustos do deserto. Ele procura percorrendo grandes distâncias através do Saara por vegetação esparsa. O addax é o mais adaptado ao deserto dos antílopes. Eles passam a maior parte de suas vidas sem beber água; recebem umidade suficiente para sobreviver da vegetação da qual se alimentam.

Em extinção no estado selvagem, há inúmeros programas de reprodução do addax com milhares de exemplares

O addax está à beira da extinção em seu habitat selvagem no Deserto do Saara, com o tamanho da população selvagem variando de 30 a 90 indivíduos maduros. No entanto, existem vários programas de reprodução bem-sucedidos ao redor do mundo, com milhares de antílopes addax. No geral nos zoológicos da Europa, América do Norte, Japão e Austrália são mantidos 760 indivíduos; em ranchos privados nos Estados Unidos e no Oriente Médio são encontrados em torno de 5000 animais e programas de reintrodução colocaram indivíduos em reservas de vida selvagem na Tunísia e no Marrocos. Pesquisa realizada em zoológicos europeus identificaram não haver nenhum ou níveis muito baixos de endogamia na população desses zoos, o que traz implicações positivas para os programas de reintrodução.

Entre as ameaças ao addax se inclui a exploração do petróleo no Saara que altera seu habitat

Entre as ameaças para o addax estão perda e degradação do habitat; exploração excessiva de recursos naturais, entre os quais distúrbios relacionados à exploração de petróleo; esgotamento de presas; caça e diversidade genética reduzida. Esses antílopes foram caçados por sua valiosa carne e pele. Eles também foram dizimados por fazendeiros e pecuaristas, para não competir com seu gado por pastagens. Provavelmente, a única razão pela qual eles ainda estão vivos na natureza é o fato de poderem viver em lugares inabitáveis com calor extremo, extensas dunas de areia e outras condições adversas onde é extremamente difícil para os humanos alcançarem. Por serem tão robustos, não são capazes de grandes velocidades e são facilmente ultrapassados por cavalos, cães e veículos

Caracterizar a genética populacional de espécies à beira da extinção é de vital importância, tanto para orientar os esforços de conservação quanto para coletar dados básicos que podem ser usados para orientar a restauração pós-extinção de populações em cativeiro. Um grupo de cientistas pesquisou a história evolutiva da espécie, até então desconhecida, identificando sua distribuição histórica e genética. Essa pesquisa realizada por cientistas liderados pelo Museum für Naturkunde Berlin e pela Universidade de Potsdam e publicada na revista científica Genes em 2021 sob o título de “Diversidade e paleodemografia do Addax (Addax nasomaculatus), um antílope do Saara à beira da extinção” mostrou que o addax costumava percorrer amplamente toda a extensão no Saara antes da perturbação humana reduzir drasticamente seu número e, potencialmente, também sua diversidade genética. No trabalho os cientistas clamam por ações concentradas para a conservação da diversidade remanescente do addax para salvar a espécie da quase certa extinção na natureza.


Há somente uma população muito reduzida do addax selvagem que se encontra entre o Níger e o Chade

Hoje, o addax em estado selvagem só pode ser encontrado em duas populações documentadas, uma está na Reserva Naturelle Nationale du Termit et du Tin Toumma (TTNNR) no leste do Níger, e a outra, do outro lado da fronteira, na região de Eguey-Bodélé, no Chade, mas seu status não é bem conhecido. Uma reclassificação legal do status da reserva TTNNR alterou seus limites para abrir caminho para concessões de petróleo em 2019, isto significa que o último lar selvagem do addax não está mais protegido. Atualmente, não é possível garantir a sobrevivência do addax selvagem no Níger e na fronteira com o Chade devido à insegurança e dificuldades logísticas e às enormes e remotas áreas de distribuição de addax.

Reintroduções do addax na natureza procuram restaurar populações vivendo livres em áreas protegidas

Salvar o addax selvagem remanescente no Níger é o passo mais premente no roteiro para a conservação desta espécie. Enquanto isso, as iniciativas de reintrodução em andamento no Marrocos e no Chade e o manejo do addax entre populações liberadas em três áreas protegidas na Tunísia apresentam a oportunidade de reintegrar a espécie nesses ecossistemas áridos e recuperar mais de seu alcance histórico. Como esses países reconhecem, a situação do addax é sintomática das pressões sobre preciosos ecossistemas desérticos que foram até o momento ignorados e desvalorizados.

Em um esforço cooperativo várias instituições da Associação de Zoológicos e Aquários (AZA) dos Estados Unidos, gerenciam de perto as populações do addax por meio de um programa chamado Plano de Sobrevivência de Espécies (SSP), que trabalha para melhorar a diversidade genética das populações de animais manejados. É um programa internacional de gestão e conservação de populações para espécies selecionadas de vida selvagem. O objetivo do programa é manter populações em cativeiro de espécies em risco, ameaçadas e criticamente ameaçadas que são geneticamente diversas e demograficamente estáveis. A SSP faz parte de uma estratégia cooperativa para a criação de populações cativas saudáveis, autossustentáveis, que podem ser reintroduzidas em habitats restaurados ou protegidos.

Fonte: CMS, Animal diversity, Marwell zoo, Seaworld, Louisville zoo, IUCN, Delphi pages, SCF, AOF, IUCNSOS, Safariwest

Foto: Antílope addax_by Flickr e segunda foto: by C.P. Chardonnet