Recém redescoberto o aracuã-guarda-faca está extremamente ameaçado


O aracuã-guarda-faca (Ortalis remota) depois de permanecer esquecido por muito tempo foram encontrados exemplares em 1996, entre os municípios de Nova Granada e Barretos no Estado de São Paulo. Depois desse reencontro somente reapareceu em 2011 graças a uma observadora de pássaros, Dina Bessa, que o fotografou e postou a imagem no site Wikiaves. Essa foi a primeira foto do aracuã-guarda-faca na natureza. A foto foi tirada em Guapiaçu, no noroeste do Estado de São Paulo. Essa foto despertou a curiosidade de cientistas que aprofundaram os estudos da ave e chegaram à conclusão que se tratava de uma nova espécie de aracuã.

Iniciativa de ciência cidadã permitiu redescoberta da ave

Importante registrar que a redescoberta da ave se deu graças a uma iniciativa de ciência cidadã. Esse tipo de atividade, de ciência cidadã, é uma característica da observação de aves, que tem possibilitado inúmeras informações e descobertas relevantes no campo da ornitologia em todo mundo. O fenômeno ganhou impulso com a existência de sites – como o wikiaves - que facilitam o acesso desses pesquisadores amadores que ao mesmo tempo que se informam, prestam relevantes serviços â ciência dando informações que contribuem decisivamente para a pesquisa científica.  

O resultado da foto tirada pela observadora de aves se tornou pesquisa nos anos seguintes que foi publicada na revista científica zootaxa de 2017 relatando que a ave fotografada era uma nova espécie encontrada somente em São Paulo e que não era apenas uma subespécie, mas uma ave rara, exclusiva e restrita da região noroeste do Estado.

Imediatamente após a identificação da ave foram iniciadas pesquisas sobre o novo aracuã

Em janeiro de 2018 foram iniciadas as coletas de dados sobre o ameaçado aracuã-guarda-faca no noroeste paulista. Com a ajuda da ciência-cidadã foram levantados dados previamente que permitiram selecionar as primeiras áreas de amostragem do censo populacional da espécie para se propor unidades de conservação para a sua proteção. O projeto foi realizado pela SAVE Brasil com o patrocínio da Fundação Grupo Boticário.


A espécie pode medir até 53 centímetros e pesar cerca de 620 gramas. Possui as penas marrons com escalas mal definidas na região do peito. A coloração da coroa e do pescoço é castanha-avermelhado. A dieta da ave consiste em frutos, folhas e insetos. Costuma viver aos pares ou até em pequenos bandos em mata ciliar, perto de nascentes, na beira d’água.

O aracuã-guarda-faca é considerado uma das aves mais ameaçadas do planeta vivendo numa faixa territorial restrita entre os municípios de Barretos e São José do Rio Preto. Sua população é estimada em menos de 250 indivíduos o que a coloca como criticamente ameaçada (CR).

Destruição e fragmentação das matas ameaçam sobrevivência do aracuã-guarda-faca

A principal ameaça à sua sobrevivência é a destruição e fragmentação do habitat. Fotografias tiradas por satélite da região noroeste do Estado de São Paulo, região de habitat do aracuã-mata-faca, mostra um enorme canavial misturado com pasto, soja e seringueiras, onde a vegetação nativa se limita a matas ciliares ao longo dos rios e córregos. É uma região que necessita de intensa restauração florestal. Nenhum município chega perto de ter 20% de vegetação nativa, o mínimo exigido pelo Código Florestal. 

Propostas para salvar a espécie incluem a recuperação das matas ciliares, principal ambiente habitado pela ave e a criação de unidade de conservação na porção territorial mais habitada pelo aracuã-guarda-faca.

Fonte: Save Brasil,  G1 Globo,  IPÊ, O Eco, Diário da Região, Projeto aves raras,  Istoé 

Foto: Aracuã-guarda-faca_by Marco Cruz- fotografado em Olímpia/SP e dois aracuãs-guarda-faca_by Luciano Bernardes.