O Brasil é o país que possui o maior número de macacos no mundo, segundo à Sociedade Brasileira de Primatologia (SBPr), são mais de 140 espécies distribuídas pelo território nacional e novas espécies são encontradas a cada ano, uma das mais recentes, só descrita em 2019, é o zogue zogue de Alta Floresta (Plecturocebus grovesi) também conhecido como titi de Alta Floresta ou zogue-zogue-do Mato-Grosso. Esta espécie foi avistada pela primeira vez em 2012 nas matas do município de Alta Floresta, no norte de Mato Grosso, perto da divisa com o Estado do Pará.
Descoberta do novo macaco
envolveu pesquisadores do Brasil e do exterior
O novo primata apresenta
cauda toda preta a coloração do dorso e da pelagem da face tem tons
avermelhados. A nova espécie foi descrita por pesquisadores de institutos e
universidades, do Brasil e dos Estados Unidos na revista científica Molecular
Phylogenetics and Evolution, de março de 2019.
A descrição da nova espécie
envolveu pesquisadores de diversas instituições, tanto nacionais como
estrangeiros, que realizaram expedição em maio de 2014. O resultado só foi
divulgado em 2019 porque foram realizados uma séria de estudos, para se ter
certeza da descoberta. Entre os participantes dos estudos estão: Universidade
Federal do Amazonas, Universidade Federal de
Viçosa, Universidade Federal de Goiás, Universidade Federal do Mato Grosso, Universidade do Estado do Mato Grosso, Universidade Federal do Pará, Instituto de Desenvolvimento Sustentável, Universidade
de Salford, UCLA Institute for Society and Genetics, Global Wildlife Conservation e Stony Brook University.
Seu habitat é bastante
restrito e concentrado o que aumenta o risco de extinção
O zogue-zogue de Alta Floresta
habita a área entre os rios Juruena e Teles Pires, no Estado de Mato Grosso.
Está criticamente ameaçado de extinção devido a área restrita em que
vive, próxima a zonas urbanas e que faz parte do chamado arco do
desmatamento, região sul da Amazônia mais desmatada. Esse cinturão,
que praticamente corta o Brasil se estendendo dos Estados do Maranhão ao
Acre, é onde a fronteira agrícola avança sobre a floresta, a extração
de madeira, a monocultura de grãos e a pecuária são os
principais responsáveis pela rápida destruição e as mudanças na paisagem, com a
destruição florestal. As espécies endêmicas são as mais prejudicadas,
como o zogue zogue de Alta Floresta, recém descrito.
Queimadas ameaçam o habitat do
zogue zogue de Alta Floresta
As queimadas produzem um efeito
imediato sobre os macacos que é a morte direta pela ação do fogo. Já a
longo prazo, a modificação dos ecossistemas, principalmente com a destruição
das árvores, pode causar a extinção da espécie. Esses primatas
tem habitats bastante concentrados, o que os torna ainda mais sensíveis a
qualquer modificação na paisagem. Além disso a espécie é exclusivamente arborícola,
ou seja, não podem sobreviver em áreas desprovidas de cobertura florestal. A
situação é de extrema gravidade, pois no mesmo ano em que foi descrito,
2019, a região em que foi descoberto foi uma das que mais queimaram na Amazônia.
Projeção dos pesquisadores
indica que em 24 anos 86% do habitat do primata será destruído
O artigo em que foi descrito o novo zogue zogue incluiu uma projeção de perda de habitat em 24 anos, caso as condições de desmatamento se mantivessem nas taxas observadas no ano de 2019. O resultado seria uma perda drástica de habitat que só poderia ser revertida se houvesse um programa efetivo de reflorestamento. Sem isso a espécie seria fatalmente extinta. Ocorre que de lá para o ano atual, o cenário piorou, com a aceleração de perda de habitat pelo desmatamento. Nesse caso, a situação da espécie está pior do que quando foi descoberto. Pesquisadores estimaram que, em 24 anos, 86% do habitat natural do Plecturocebus grovesi terá sido destruído, caso a ampliação da fronteira agrícola continue no mesmo ritmo.
A espécie foi incluida pela primeira vez na lista dos 25 primatas mais ameaçados do mundo.
O Zogue-zogue do Mato Grosso (Plecturocebus
grovesi) foi incluído, neste ano(2022), pela primeira vez na lista global dos 25
primatas mais ameaçados do mundo. O alerta foi dado pela publicação Primates
in Peril (Primatas em Perigo) divulgada em 30 de agosto deste ano.O
documento foi produzido pela organização Re:wild que, desde 2000, elabora
listas para chamar atenção das espécies de primatas que estão sob risco crítico
de extinção. A edição atual, do biênio 2022-2023, traz quatro espécies brasileiras, além do
Zogue-zogue do Mato-Grosso. A publicação é feita em conjunto com o Primate
Specialist Group (PSG), da União Internacional pela Conservação da Natureza
(IUCN), e a Sociedade Internacional de Primatologia (IPS).
Fonte: Animal
Care, Pesquisa
Fapesp, Biólogo,
Hidrelétrica
Teles Pires, Folha
de Pernambuco, Greenpeace,
Fapema
, Fapemat,
G1-Globo,
Sonoticias
Foto: Zogue zogue de Alta Floresta_ Fapesp divulgação e Fabiano Melo.