Considerado extinto marreco de Campbell foi redescoberto e hoje seu número cresce


 Um dos patos mais raros do mundo, o marreco de Campbell (Anas nesiotis) ou marreco das ilhas Campbell é uma espécie pequena, noturna e não voadora, que é endêmico do arquipélago das ilhas Campbell ao sul da Nova Zelândia. Esse grupo de ilhas é formado por uma grande que dá nome ao arquipélago e várias ilhotas, incluindo a ilha Dent. Fica a 600 quilômetros ao sul da Ilha Stewart. 

Nessa espécie ambos os sexos são marrom-escuros, mas são sexualmente dimórficos em plumagem e tamanho. Os machos são totalmente sépia escura com uma iridescência verde na cabeça e no dorso, peito castanho escuro, abdômen marrom mais claro e uma mancha branca na base da cauda. As fêmeas são de um marrom uniformemente escuro com um abdômen mais pálido. Ambos os sexos têm um anel de olho branco visível, bico cinza-escuro, pernas, pés e olhos castanhos escuros. As asas são muito curtas, com as penas das asas principais estendendo-se apenas até a metade das costas.

Pensava-se estar extinto, até que uma pequena população foi redescoberta em outra ilha

Os marrecos de Campbell desapareceram da ilha de Campbell devido a infestação de ratos marrons (Rattus norvegicus). Supunha-se que o pato estivesse extinto. Em 1975, quando se pensava que o marreco da Ilha Campbell estava extinto há 150 anos, 20 sobreviventes foram redescobertos na Ilha Dent, que permaneceu livre de ratos. Como se tratava de uma pequena população, temia-se que qualquer evento poderia leva-la a completa extinção. Para evitar essa probabilidade, o Departamento de Conservação da Nova Zelândia tomou a decisão de capturar 11 indivíduos para iniciar a reprodução em cativeiro, que com o decorrer dos anos foi um sucesso. No ano 2.000 já existiam 60 exemplares em cativeiro.

Com o sucesso da reprodução em cativeiro foi iniciada a reintrodução na natureza

O Departamento de Conservação inicialmente liberou um total de 24 aves criadas em cativeiro na Ilha do Bacalhau, que estava livre de predadores, em 1999 e 2000, como uma população de segurança, uma reserva estratégica, para ser eventualmente usada para reabastecer a Ilha Campbell. A operação foi um sucesso e as aves se aclimataram bem.

Em 2001 na fase final da restauração ecológica da Ilha Campbell (gado, ovelhas e gatos já haviam sido removidos), o governo da Nova Zelândia deu início ao maior projeto de erradicação de ratos do mundo até então, com helicópteros lançando mais de 120 toneladas de isca envenenada em todos os cantos da ilha. A erradicação bem sucedida dos ratos permitiu a reintrodução do marreco, à sua ilha de origem, que foi possível graças a criação em cativeiro.

Após a total erradicação de ratos da ilha Campbell deu-se início à reintrodução do marreco

A ilha de Campbell foi oficialmente declarada livre de ratos em 2003. No ano seguinte Cinquenta marrecos de Campbell, uma mistura de animais criados em cativeiro e selvagens aclimatados da ilha do Bacalhau, foram reintroduzidos na Ilha em meados de 2004, após uma ausência de mais de um século. Entre 2004 e 2005 um total de 105 aves foram soltas na ilha. O monitoramento subsequente em 2005 mostrou que a maioria dessas aves agora estava prosperando no seu antigo habitat. Em 2011, com o sucesso das solturas e a reprodução das aves na natureza, foi feita reclassificação de seu status para ameaçada de extinção (EN) e vulnerável (VU) novamente em 2020, na Lista Vermelha da IUCN.

Embora a população da espécie tenha se recuperado, ainda requer cuidados

Atualmente o marreco de Campbell é encontrado na ilha de Dent, na ilha Campbell e uma pequena população nas ilhas Codfish e Steaward, na Nova Zelândia. A manutenção da sobrevivência da espécie requer muita atenção, pois dado o seu pequeno número, reintrodução acidental de ratos, eventos climáticos extremos e a introdução de doenças aviárias são ameaças que colocam em risco a sobrevivência do pato. A espécie tem como predadores naturais aves como a Skua marron (Catharacta lonnbergi) e o Petrel-gigante-do-norte (Macronectes halli) que são evitados, em parte, devido aos hábitos noturnos do marreco.

A estimativa de população atual do marreco de Campbell é de entre 200 indivíduos adultos, equivalente a cerca de 300 indivíduos no total.

Fonte: New Zeland Birds online, Terranature ,Eswiki, Ebird, Harteman Wildfoil, doc.govt.nz , Oiseaux-birds.com, Atlas of living Australia, Fog.ccsf.edu,  Stringfixer, Planet of birds

Foto: marreco de Campbell_ Domínio público