Uma das espécies menos conhecidas do mundo, a garça-da-mata (Agamia agami) também identificada como socó-beija-flor, garça-da-Guiana e socó-azul é a espécie que apresenta a plumagem com o maior número de cores. É ave escassa e bastante arredia o que tem dificultado o conhecimento de seus hábitos, sendo a espécie de garça mais desconhecida do continente americano. Seus hábitos solitários e suas colônias geralmente pouco importantes e inacessíveis fazem dela uma ave raramente observada e difícil de ser estudada.
A espécie tem uma ampla área
de distribuição
Sua área de distribuição cobre a América
Central: México, Belize, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica e
Panamá. Na América do Sul é encontrada na Colômbia, Venezuela, Guiana,
Suriname, Guiana Francesa, Equador, Peru, Bolívia e no Brasil é achada
principalmente na região norte, além de Tocantins, Goiás, Distrito Federal,
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
A garça-da-mata é grande,
solitária e dificilmente encontrada em áreas abertas
A garça-da-mata é uma ave
grande chegando a medir 73 centímetros de comprimento. Além disso, seu bico
atinge entre 14 e 15 centímetros. Seu pescoço também é muito longo e fino, suas
pernas e seus dedos são bem curtos. Embora solitária, costuma se reproduzir em
pequenas colônias. Normalmente seus ninhos são construídos a cerca de dois
metros de altura sobre a água, com preferência para locais pantanosos, cercados
de floresta.
Esta espécie é dificilmente
encontrada em áreas abertas. Seu habitat abrange florestas tropicais de baixa
altitude pantanosas, riachos florestais, pântanos de água doce e manguezais. Estudos demonstram que sua distribuição está
mais ligada às margens de corpos d'água isolados.
A garça-da-mata tem um
comportamento bastante discreto sendo pouco conhecida pela ciência, o que
dificulta a ação dos conservacionistas. Não é considerada ameaçada no Brasil (ICMBio),
mas globalmente é considerada vulnerável (VU) pela Lista Vermelha da
IUCN principalmente devido à perspectiva da perda de habitat.
Descoberta de grande colônia
de garça-da-mata muda rumo da pesquisa sobre a espécie
A garça-da-mata sempre foi
considerada como uma espécie de nidificação solitária ou de pequenas colônias
arborícolas (3 a 6 casais), até a descoberta de uma colônia de cerca de 2.000
casais no pântano de Kaw, na Reserva
Natural Nacional Kaw-Roura na Guiana Francesa. Como a maior parte do
pântano não tem perturbação antrópica,
pois é inacessível tanto por via terrestre como fluvial, ele oferece as
melhores condições para a nidificação da espécie.
Grupo
de trabalho da Garça-da-mata que reúne especialistas da IUCN,
estabeleceu em 2015 um plano de ação para a conservação da espécie. Esse
Plano
de conservação da Garça-da-mata, entre outras medidas, estabelece que deverão ser protegidas todas as
colônias e áreas de alimentação importantes. Além disso tem como meta desenvolver
um plano de gestão e de fiscalização para cada grande colônia que as proteja do
desenvolvimento, perturbação do habitat e interferência humana. O documento
cita os locais prioritários em áreas protegidas já conhecidos: a Reserva
Natural Nacional Kaw-Roura (Guiana Francesa), a Reserva Natural Privada Pacuare
(Costa Rica), o Parque
Nacional Cabo Orange (Brasil), os Parques Nacionais de Proteção Natural Galibi e Wia-Wia (Suriname) e o Parque
Nacional do Delta do Orinoco (Venezuela). Menciona a necessidade de lançar
campanhas de educação e comunicação nas proximidades das colônias de garças-da-mata.
O Plano de Conservação da
garça-da-mata deve ser revisto a cada dez anos, sendo a nova data prevista
para o próximo em 2025.
Fonte: Ebird, Panamabiota,
Bioone,
G1
Globo, Animal
diversity, Stringfixer, Peruaves,
Audobon,
PantanalScapes
Foto: Garça-da-mata_by Ryan Shaw