O maior equídeo selvagem existente, a zebra de Grévy (Equus grevyi) ou zebra imperial, é também a mais ameaçada das três espécies existentes, sendo as outras duas a zebra-da-planície (Equus quagga) e a zebra-da-montanha (Equus zebra). Além de mais alta do que as outras espécies, tem orelhas maiores que se destacam e listras finas e numerosas. Sua barriga é completamente branca ao contrário das outras zebras.
Caça por peles e perda de habitat são principais ameaças
para a zebra de Grévy
As zebras de Grevy são bastante resistentes, tem
condições de sobreviver sem água por pelo menos cinco dias. Conseguem também
tirar alguns cochilos de um minuto por dia, enquanto dormem em pé. No passado
eram ameaçadas principalmente pela caça por suas peles, que alcançavam
um alto preço no mercado mundial. Atualmente a caça diminuiu e a principal
ameaça para a zebra é a perda de habitat e a competição com o gado
doméstico.
População restante da espécie vive em área muito restrita
A espécie vive no norte do Quênia e em poucas
áreas do sul da Etiópia. Foram extintas na Somália, Eritréia e Djibuti
onde historicamente habitavam. Sua população foi estimada em 15.000 na década
de 1970 e no início do século 21 a população era inferior a 3.500, um declínio
de 75%. A população estimada a partir de 2020 é de cerca de 2.500 exemplares,
sendo que destas 2.319 se encontram no Quênia (90% da população mundial) e
somente 126 na Etiópia. Na Lista vermelha da IUCN é classificada como em perigo de
extinção (EN).
População da zebra de Grévy em cativeiro garante futuras
reintroduções
As zebras de Grévy se adaptam bem ao cativeiro, o
que garante para o futuro a existência de um plantel saudável para futuras
reintroduções na natureza. Atualmente existem cerca de 600 exemplares cativos,
sendo que em muitos lugares os rebanhos prosperam como no White Oak Conservation, em Yulee, na Flórida, Estados
Unidos, onde nasceram mais de 70 potros. Nesse local são feitas pesquisas em
parceria com Centros de Conservação para Sobrevivência de Espécies com a coleta
e congelamento de sêmen para inseminação artificial.
Esforço concentrado para a conservação da Zebra permite
prever melhores resultados
Devido ao declínio no número e alcance das zebras de
Grévy, conservacionistas reconheceram que é necessário um esforço
concentrado para garantir a sobrevivência da espécie. Em decorrência dessa
evidência foi formada em 2004 uma Força-Tarefa Zebra de Grévy, coordenada pelo
Serviço de Vida Selvagem do Quênia, que posteriormente transformou-se no Comitê Técnico de
zebras de Grévy, que orienta
os esforços de pesquisa e conservação da espécie no Quênia. Fazem parte desse
Comitê Técnico convocado e presidido pelo Kenya Wildlife Service as seguintes organizações: Grevy’s Zebra Trust, Kenya Wildlife Service, Lewa Wildlife Conservancy,
Marwell Wildlife , Northern Rangelands Trust, Princeton University e Zoological Society of London.
O Comitê Técnico estabeleceu um Plano
de Ação e Recuperação para a Zebra de Grévy ( Equus grevyi) no Quênia para os anos 2017 a 2026
que está sendo realizado. O acompanhamento do progresso está sendo feito
semestralmente e com revisões estratégicas realizadas a cada três anos para
garantir que o status das ameaças seja atualizado e que estejam sendo tratadas
de forma eficaz.
Participação das comunidades locais no esforço de
conservação é fundamental
A experiência adquirida até o momento pelos integrantes
do Comitê Técnico mostrou que os esforços de conservação baseados na
comunidade mostraram ser os mais eficazes na preservação das zebras de Grévy
e seu habitat.
Nesse sentido são realizadas diversas ações nas comunidades
locais como: Bolsas de Estudo para promover a educação secundária de
meninos e meninas das comunidades pastorais; emprego para mulheres, muitas das
quais são viúvas ou mães solteiras, para monitorar e proteger as zebras,
ajudando a fornecer assistência médica e educação para suas famílias;
realização de programa de absorventes reutilizáveis que ajuda as mulheres a
produzir e distribuir absorventes reutilizáveis, mantendo as meninas na escola
durante o ciclo menstrual e fornecendo renda para as mulheres que fabricam
absorventes; criação de rede de apoio local por meio da qual as mensagens de
conservação são disseminadas e ações práticas de conservação são implementadas.
A African Wildlife
Foundation (AWF) também tem
trabalhado em parceria com o Kenya Wildlife Service para colocar
coleiras em zebras de Grevy, na Reserva
Nacional de Buffalo Spring. A
AWF trabalha com comunidades que vivem próximas à vida selvagem e equipa as
pessoas com ferramentas essenciais, como dispositivos de monitoramento GPS e
veículos. Como resultado, a AWF é capaz de garantir uma proteção aprimorada da
vida selvagem nessas regiões, além de oferecer oportunidades adicionais de
emprego às comunidades locais.
Fonte: AWF, Animal diversity,
Wildnet, Kidall, BBrian Preseve, GZT, National
Geographic
Foto: Zebra de Grévy_Instagram GZT