Ave emblemática da Mata Atlântica, a jacutinga (Aburria jacutinga) é uma grande dispersora de semente, principalmente do palmito-juçara (Euterpe edulis) espécie de vegetal ameaçado de extinção. Alimenta-se de frutos pequenos preferindo comê-los no alto das árvores. Também come folhas, flores e insetos. Sua dieta inclui 41 frutos da Mata Atlântica o que mostra seu potencial para a recuperação e manutenção da floresta.
A jacutinga foi exterminada em
parte da sua área de distribuição pela caça predatória
Antes a espécie era encontrada do
sul da Bahia até o Rio Grande do Sul, incluindo parte do norte da Argentina e
Paraguai. No entanto, a degradação do habitat e a caça predatória
praticamente exterminaram as suas populações em parte de sua área de
distribuição. Foi um dos animais mais caçados da Mata Atlântica. Há
registros de que em algumas semanas ocorreram 50 mil abates da ave no vale do
rio Itajaí em Santa Catarina, há cerca de 150 anos. Fotografias da década de
1930 mostram caçadores ao lado de grandes quantidades de jacutingas abatidas.
Sofreu extinções locais em
alguns estados brasileiros
De acordo com a avaliação de
risco da Lista
Vermelha da IUCN , a ave encontra-se em perigo de extinção (EN) e já
desapareceu de muitos locais onde antes era avistada, como os estados do Rio de
Janeiro, Espírito Santo e sul da Bahia. Atualmente, é encontrada em áreas de
conservação da Mata Atlântica, nos estados de São Paulo, Santa Catarina
e no Paraná. Há ocorrências esparsas registradas em Minas Gerais e nordeste do
Rio Grande do Sul próximo a Santa Catarina. Ainda pode ser encontrada no Paraguai
e norte da Argentina. Neste último país é conhecida como Yakú-apetí
ou "peru da montanha" e a maior população da espécie é
encontrada na Província de Misiones cuja Câmara de Deputados declarou a Jacutinga
Monumento Natural Provincial e de Interesse Público.
Esforços de conservação
promovem a soltura da jacutinga na natureza
Atualmente há inúmeras
iniciativas de reintrodução da espécie na natureza principalmente por ser
importante em projetos de recuperação da Mata Atlântica pelo seu papel
de dispersora de sementes. No segundo semestre de 2020 em Minas Gerais
foi realizada a reintrodução de quatro casais de jacutingas no Parque
Estadual do Ibitipoca, uma reserva florestal recuperada que no
passado foi um cafezal e hoje é utilizada para a reinserção de animais. Numa
segunda etapa em 2021 foram soltas mais 15 aves e a proposta é chegar a soltura
de 100 indivíduos numa terceira etapa. A iniciativa é um esforço conjunto de
três criatórios que forneceram os exemplares - o CRAX de Minas Gerais, o Tropicus
do Rio de Janeiro e o Criadouro
Guaratuba, do Paraná.
A ONG Save Brasil coordena o Projeto Jacutinga que tem como objetivo aumentar a população de jacutingas na Mata Atlântica através da reintrodução e monitoramento tendo como prioridade a região da Serra da Mantiqueira. Em 2018 o projeto soltou jacutingas na Reserva Ecológica de Guapiaçu (REGUA), em Cachoeiras de Macacu, no Estado do Rio de Janeiro.
Entre os parceiros do Projeto
Jacutinga está o Parque das
Aves de Foz do Iguaçu que fornece exemplares da espécie, o ICMBio,
a APA
Mananciais do Rio Paraíba do Sul, a Fundação
Grupo Boticário entre outros.
Em São Paulo o Projeto Jacutinga introduziu
aves na mata de São Francisco Xavier, distrito de São José dos Campos,
em uma área protegida da Serra da Mantiqueira.
Assim graças à reprodução em
cativeiro e aos projetos de reintrodução da Jacutinga na natureza a
ave está voltando ao seu habitat natural e prestando serviços ambientais que
contribuem para a recuperação da Mata Atlântica.
Fonte: Conexão
planeta, G1.globo,
Biologo.com, Save Brasil, OEco, IMIBIO, ClickFoz,
Cabezanews,
Biodiversitas,
Natureza
e Conservação
Foto: Oscar Rodriguez