Numa área restrita do Estado do Amazonas, em torno da cidade de Manaus, vive o sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) criticamente ameaçado de extinção (CR) pela classificação da Lista vermelha da IUCN. Sua distribuição inclui os municípios de Manaus, os de Rio Preto da Eva e de Itacoatiara no mesmo estado.
Expansão urbana de Manaus é a
grande ameaça ao sauim-de-coleira
Sua situação é critica por ser
encontrado somente na região de mais alta urbanização da Amazônia
brasileira onde vivem 2,7 milhões de pessoas. Dos 6 milhões de km² da
Amazônia, o sauim-de-coleira vive em apenas 7.500 km² (0,1% da floresta).
As principais ameaças que afetam
a população da espécie estão diretamente relacionadas com a expansão
urbana desordenada da região metropolitana de Manaus e são: incêndios,
assentamentos rurais, predação por cães, desmatamento, fragmentação
e redução de hábitat, poluição de ambientes e captura. E
ainda, fatores de impacto associados à rede viária, tais como atropelamentos
e eletrocussão na rede de energia urbana.
Outro fator que afeta a
distribuição do sauim-de-coleira é a perda da área de ocupação pela expansão do
sagui-de-mãos-douradas
(Saguinus midas) que é uma espécie mais agressiva e que vem aumentando
seu número e expandindo seu território.
Desconexão entre fragmentos do
habitat aumenta os riscos para o ameaçado primata
A fragmentação do habitat
do sauim-de-coleira, obriga o primata a correr mais risco ao
tentar se deslocar entre os fragmentos, submetendo-se a uma maior possibilidade
de atropelamentos, eletrocussão na rede elétrica e ao ataque de cachorros. Além
disso, o isolamento das populações restringe o fluxo genético e aumentam
as chances de endogamia reduzindo, ainda mais, a viabilidade dessas
populações.
Estão ocorrendo diversas ações
para a proteção do sauim-de-coleira
Várias medidas vêm sendo adotadas
para evitar a extinção da espécie. O Instituto Chico Mendes
(ICMBio) iniciou em 2018 a segunda fase do
Plano
Nacional para a Conservação do Sauim-de-coleira objetivando reverter a
tendência de declínio populacional do primata com ações que devem
ser implementadas até 2023.
Entre as medidas adotadas para
preservar a espécie, a criação em 2028 da Área de Proteção Ambiental(APA) Sauim-de-Manaus foi a mais elogiada por especialistas e que
inclui a área urbana de Manaus. Outras áreas que mantém populações e
estão fora do ambiente urbano são: a área do Cigs (Centro de Instrução de
Guerra na Selva) do Exército, a Reserva Florestal Adolpho Ducke, e as Reservas de Desenvolvimento Sustentável
(RDS) Puranga
Conquista e do
Tupé, que são contíguas.
Nessas áreas os pesquisadores
estimam que vivem 30 mil indivíduos que formam a população total que vive na
natureza. Entre estes, aproximadamente, mil vivem na cidade de Manaus.
A principal medida para evitar a extinção
da espécie seria diminuir o desmatamento e efetivar políticas
públicas urgentes para melhorar a arborização e a qualidade das áreas
verdes e bosques de Manaus, melhorando a conectividade entre os
fragmentos arborizados.
Fonte: INPA, UFAM, ICMBio,
SIBBr,
Animal
diversity, Folha
de São Paulo, G1
Foto: Sauim-de-coleira- Prefeitura de Manaus