Palanca Negra Gigante sobreviveu a guerras e intensa caça predatória


 Do antílope palanca negra (Hippotragus niger) há quatro subespécies: H. n. niger que ocorre em Botswana, África do Sul e Angola; H. n. kirkii, ocorre no centro de Angola, na Tanzânia, na África central e no Quénia; H. n. roosevelti (a zibelina oriental), ocorre na Tanzânia e no Quénia e finalmente Hippotragus niger variani, a palanca negra gigante, apenas encontrada em Angola.

Antílope possui cornos gigantescos

De todas as subespécies de palanca negra, a Hippotragus niger variani destaca-se pelo seu tamanho, sendo um dos ungulados africanos mais raros. É endêmica de Angola, apenas existindo em dois locais o Parque Nacional de Cangandala e a Reserva Natural Integral de Luando que abrigavam em 2019 somente 200 exemplares dessa espécie. O termo “gigante” deriva dos seus enormes cornos curvos, que podem crescer até 165 cm de comprimento, tamanho pouco comum e único para um antílope.  

Guerra civil em Angola contribuiu para quase extinção total da palanca negra gigante

A caça furtiva pelos seus grandes cornos, a perda do seu habitat devido a atividades humanas na região e especialmente a guerra civil durante e após a independência de Angola causaram impactos negativos dramáticos nas populações de palanca negra gigante, levando os cientistas a acreditar que a mesma havia sido extinta em Angola.

Ainda após o término dos conflitos, não haviam informações sobre a sua localização e, só em 2005 um grupo do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola, obteve as primeiras evidências fotográficas do único rebanho que restava no Parque Nacional de Cangandala, ao sul de Malanje, confirmando-se sua sobrevivência.

Restaram poucos exemplares do símbolo nacional de Angola

Na década de 1970, estimou-se que havia cerca de 2500 Palancas Negras Gigantes. Os dados apresentados pela Fundação Kissama em 2019, mostraram que existem cerca de 200 Palancas Negras Gigantes, com aproximadamente 70 indivíduos no parque Nacional da Cangandala e 140 na Reserva Integral do Luando, isto com o trabalho extensivo que tem sido feito para sua reprodução após encontrarem a única manada existente em 2005.

Atualmente, a Palanca Negra Gigante é considerada como o símbolo nacional de Angola, sendo motivo de orgulho para o povo angolano. Sua imagem aparece na moeda nacional, nos passaportes, como símbolo da companhia aérea nacional e figura estampada no uniforme da seleção nacional de futebol, que adota o nome de "palancas-negras". Nesse país também é conhecida com palanca real de Angola.

Melhoria da gestão é fundamental para garantir sobrevivência da palanca negra gigante

Hoje, a palanca negra gigante encontra-se no estado “criticamente ameaçado de extinção” (CR) na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) devido ao tamanho reduzido da sua população e fragilidade, pois a caça furtiva ainda é uma realidade em Angola, e a genética também tem um peso muito grande nos casos em que a população é muito reduzida.

Os riscos que ocorre essa pequena população do animal é grande, um exemplo foi, em 2020, o fogo colocado por caçadores furtivos, que pôs em risco 90 palancas negras. Até julho desse mesmo ano, foram retirados pelo menos 266 armadilhas nos dois santuários da palanca negra gigante.

A fundação Kissama propõe algumas medidas para tornar mais viável a sobrevivência da espécie. Entre as quais que é necessário melhorar a gestão das reservas e aumentar a sensibilização da população local. A palanca negra gigante pode impulsionar o turismo e gerar renda, ajudando a economia local e promovendo a proteção da palanca. Também há necessidade do governo angolano criar e tornar mais rígidas as leis ambientais.

Fonte: Ecoangola, Fundação Kissama  

Foto: Palanca negra gigante- Economia & Mercados