Encontrada nova espécie de tartaruga na Amazônia


Descrita na revista científica internacional Chelonian Conservation and Biology, no número de 29 de novembro de 2021 sob o título “A New Species of Amazon Freshwater Toad-headed Turtle in the Genus Mesoclemmys from Brazil” (“Uma nova espécie de tartaruga cabeça de sapo do gênero Mesoclemmys do Brasil”  a descoberta da nova espécie de tartaruga de água doce foi anunciada pelos pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA), juntamente com Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) sendo denominada Mesoclemmys jurutiensis ou tartaruga-cabeça-de-sapo-de-Juruti em homenagem ao município onde foram encontrados a maioria dos exemplares. Com essa descoberta o Brasil passa a ter 33 espécies de tartarugas descritas.

Pesquisas levaram três anos para confirmar ser uma nova espécie

A nova espécie foi encontrada em 2018, por Fábio Andrew da Cunha, pesquisador da UFPA, durante trabalho de campo. Após três anos de análises morfológicas, taxonômicas e de DNA, Fábio e outros pesquisadores comprovaram que se tratava de uma nova espécie.

No processo de pesquisa, o maior espécime encontrado foi uma fêmea adulta de 22,8 centímetros. A tartaruga descoberta possui cabeça triangular e completamente preta, com grandes olhos vermelhos. A carapaça (região superior do casco) é oval e de cor marrom avermelhada escura. O plastrão (região inferior do casco) é preto na região central e amarelo-queimado nas bordas. 

Outra característica da Mesoclemmys jurutiensis é que ela vive em poças formadas por águas da chuva dentro da floresta densa. As pesquisas também mostraram que ela se alimenta de girinos (filhotes de sapos) e pequenos insetos aquáticos.

Comunidade ribeirinha auxiliou a pesquisa de campo

Os pesquisadores destacaram o papel da comunidade ribeirinha que colaborou ativamente na pesquisa de campo, principalmente na região do Juruti-velho, na comunidade do Capiranga (zona rural do município), que contou com sua ajuda na procura e captura dos animais.

Duas descobertas em dois anos revelam a riqueza da Amazônia

Essa nova descoberta deve ser somada ao anúncio feito em 2020 de outra espécie encontrada na Amazônia, a tartaruga matamatá do Orinoco (Chelus orinocensis) demonstrando que esse bioma é um ambiente riquíssimo em biodiversidade, além de possuir animais com alto endemismo, existindo apenas nessa floresta. Nesse sentido é que devem aumentar os esforços de ampliar pesquisas para identificação de novas espécies antes que desapareçam diante da destruição provocado pelo desmatamento.

Necessário conter o desmatamento para preservar a biodiversidade da Amazônia

O ritmo de destruição da floresta amazônica é de extrema gravidade, só no mês de janeiro deste ano de 2022, o desmatamento na Amazônia aumentou em 418%, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Foram 430 km2 perdidos só no primeiro mês deste ano, enquanto em janeiro de 2021, a devastação foi de 83 km2. É a maior devastação no mês de janeiro em sete anos – desde que INPE começou a serie histórica.

É impossível identificar quantas espécies estão sendo perdidas, pelo desmatamento, antes de serem conhecidas pela humanidade. Destruir espécies que se constituíram ao longo de milhões de anos é uma atrocidade ambiental que deve ser combatida de todas as formas possíveis.

Fonte: Oeco, G1,Conexão planeta, AMDA, Portal Amazônia, Diário da Amazônia,Terra

    

Foto; Tartaruga-cabeça-de-sapo-de-Juruti_Fábio Cunha