Restando somente 11 exemplares da saíra-apunhalada (Nemosia rourei) é uma das aves mais raras do planeta. Ocorre apenas na Mata Atlântica brasileira em áreas elevadas dos municípios de Santa Teresa e Vargem Alta, na Região Serrana do Espírito Santo. Com poucos indivíduos conhecidos faz com que a espécie seja classificada como criticamente em perigo pela Lista Vermelha da IUCN, a categoria de maior risco, o último estágio antes da extinção.
A saíra-apunhalada é um
pássaro miúdo, com pouco mais de 20 gramas e 12 centímetros, com as costas
cinza e pretas, com seu ventre branco que contrasta com a plumagem vermelha na garganta
que deu origem ao seu nome.
As aves restantes tem seus
ninhos ameaçados por outras aves maiores
Foram encontrados dois grupos
dessa ave, um composto por seis saíras na Mata
de Caetés no município de Vargem Alta e cinco na Reserva Biológica Augusto
Ruschi no município de Santa Teresa. As saíras vivem numa região de
relevo acidentado e seus ninhos estão à mercê de aves maiores como tucanos
e araçaris. No ano de 2021 foram descobertos dois ninhos, nas duas
florestas onde vivem essas populações do pássaro, que são vigiados noite e dia
por biólogos para evitar predadores. Os cientistas que acompanham as aves
reconhecem que elas estão numa situação tão crítica que sem a ajuda humana os
filhotes podem não sobreviver.
Programa para a conservação da
saíra-apunhalada foi criado há dois anos
Numa tentativa de reverter a
situação crítica em que se encontra a ave, em janeiro de 2020, foi criado o Programa de Conservação
Saíra-Apunhalada (PCSA) uma iniciativa organização não-governamental(ONG) Instituto Marcos Daniel (IMD) e da Transmissora
Caminho do Café (TCC) uma concessionária do serviços público para
transmissão de energia elétrica.
Os objetivos principais do
programa são promover a conservação da saíra-apunhalada e evitar sua
extinção. Para atingir sua meta são desenvolvidos estudos de ecologia de
populações, monitoramento da população de saíras. Com essas pesquisas, obtenção
de dados e conhecendo melhor o território será possível identificar as
principais ameaças e junto com a comunidade local e especialistas definir as
estratégias de conservação mais efetivas para essa espécie.
O programa também visa integrar
as áreas naturais públicas e privadas da região de ocorrência da saíra, para
uma governança compartilhada, uma vez que a sobrevivência da espécie em
longo-prazo depende do estabelecimento de corredores ecológicos entre as
Unidades de Conservação.
Há dúvidas quanto a
viabilidade da atual população da saíra-apunhalada
Inicialmente o programa foi
bastante prejudicado pela epidemia de COVID-19, que atrapalhou bastante os
planos iniciais, embora fossem alcançados alguns resultados que permitiram
dimensionar melhor a situação crítica da saíra-apunhalada. A grande
questão a ser enfrentada agora pelo programa é estabelecer qual o grau de
viabilidade da atual população da saíra. Com tão poucos indivíduos, a espécie
precisa de um grande esforço coletivo para promover ações urgentes para impedir
sua extinção.
Fonte: Extra, ebird , WorkshopSA, A
gazeta, IMD, ES360
Foto; Saíra-apunhalada-Gustavo Magnago