A fragmentação da Mata Atlântica em São Paulo ameaça o mico-leão preto


 

Os mico-leões são todos endêmicos da Mata Atlântica e sofrem ameaças constantes devido ao desmatamento progressivo em todos os seus habitats. São conhecidas quatro espécies desse primata: o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), mico-leão-da-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas), mico-leão-da-cara-preta (Leontopithecus caissara) e o mico-leão preto (Leontopithecus chrysopygus). Todas essas espécies estão correndo risco de extinção, principalmente, devido ao desmatamento da Mata Atlântica.

O mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus), de distribuição restrita ao estado de São Paulo, foi considerado extinto por quase 65 anos em que não houve registro de sua ocorrência. Até que uma pequena população foi encontrada na década de 1970, na região do Pontal do Paranapanema, extremo oeste paulista.

Sua distribuição se limita a região entre os rios Paranapanema e Tietê. Ocorre em florestas em que as árvores perdem parte de suas folhas na estação seca, mas sobrevive em florestas secundárias desde que existam recursos de que necessita, como ocos de árvore para servir de dormitório e alimento disponível o ano inteiro.

Na década de 1970, foi estabelecida a primeira população em cativeiro da espécie, com sete indivíduos do Parque Estadual Morro do Diabo encaminhados ao Centro de Primatologia do Rio de Janeiro. Em 1985, mais seis machos e oito fêmeas resgatados na área que seria inundada pela hidrelétrica de Rosana foram transferidos para a Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP). Foram as duas primeiras experiências com o mico-leão-preto em cativeiro.

A criação do Parque Estadual do Morro do Diabo, em 1986, e da Estação Ecológica Mico-Leão-Preto, em 2002, ambas localizadas na região do Pontal do Paranapanema e interligadas por um corredor ecológico, foram iniciativas de grande importância para a restauração da espécie na natureza.

Os esforços deram resultados e o mico-leão-preto saiu da categoria “Criticamente em Perigo” para “Em Perigo” na classificação internacional da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Atualmente, a população mundial em cativeiro é de 55 indivíduos. Na natureza, a população total remanescente é de aproximadamente 1.400 animais.

Em artigo publicado em outubro de 2020 na revista científica American Journal of Primatology um grupo de pesquisadores do Instituo de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) com apoio da FAPESP cruzou uma série de dados climáticos e de cobertura vegetal (paisagem) para determinar os locais mais adequados para a vida dos animais, o que pode dar suporte a novas translocações – quando um grupo é retirado de um local onde há uma população saudável e transferido para uma área em que deixou de existir.

O modelo criado pelos pesquisadores mostrou que, atualmente, uma área de apenas 2.096 km2 é adequada para a vida da espécie, sendo que os animais estão presentes em apenas 40% desse espaço. O mico-leão-preto, ocupa hoje menos de 1% da sua área original de distribuição.

Fontes: Secretaria de Infraestrutura e meio ambiente do Estado de São PauloAgencia Fapesp, Instituto IPÊICMBio.

 

Foto: Zoo de São Paulo