O discreto e ameaçado boto do Araguaia

 


Embora haja discussões na comunidade científica sobre as diferentes espécies de boto na Amazônia, atualmente podem ser identificadas quatro espécies. O boto cor de rosa (Inia geoffrensis) da Bacia do rio Amazonas; O boto do Orinoco (Inia geoffrensis humboldtiana), da Bacia do rio Orinoco; o boto boliviano (Inia boliviensis), da Bacia do rio Madeira e o boto do Araguaia (Inia araguaiaensis), da Bacia dos rios Araguaia-Tocantins.

Recém descoberto, o boto do Araguaia (Inia araguaiaensis) está ameaçado de extinção. Sua população é estimada, no máximo, em 1000 animais. Seu número está decrescendo devido a atividade agropecuária, pela construção das hidrelétricas, e ainda por pescadores comerciais que os matam com tiros ou iscas envenenadas para não disputar com eles os peixes ao longo do rio Araguaia.

Descoberta do boto do Araguaia teve grande repercussão no mundo científico

Identificado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), embora apresente muitas semelhanças com o boto cor-de-rosa (Inia geoffrensis), o Boto-do-Araguaia, difere do cor-de-rosa pelo DNA e pelo formato do crânio. Sua descoberta teve grande repercussão entre os cientistas por ser a única de uma nova espécie de boto em um século (desde 1918). A espécie foi descrita no periódico científico Plos One em janeiro de 2014

Estudos apontaram que os botos que vivem no Rio Araguaia possuem um comportamento discreto. Eles aparecem na superfície da água e, em questão de segundos, desaparecem novamente. Eles se alimentam de diversas espécies de peixes. Possuem dentes considerados muito resistentes, mas não são agressivos e não é considerado uma ameaça aos humanos. No entanto, eles costumam brigar entre si.

Segundo o Instituto Araguaia, que realiza o estudo e monitoramento desses animais, a espécie está ameaçada de extinção. Além de existirem poucos exemplares da espécie, o que tem dificultado a reprodução, a instalação de usinas hidrelétricas e a construção das barragens no Rio Araguaia, colocam em risco a existência desses botos. Os pesquisadores também avaliam que o nível do rio tem abaixado nos últimos anos. Com isso, o habitat desses animais pode ser prejudicado.

Ameaça aos botos

Nos últimos anos, a população de botos da Amazônia se encontrou ameaçada por pescadores, pois sua carne e gordura são utilizadas como isca na pesca do bagre Piracatinga, que é uma espécie comercializada principalmente no mercado externo. Além da pesca direta uma outra ameaça a população de botos da Amazônia é a captura acidental em redes de pesca dispostas ao longo do rio. Outras ameaças aos botos são a matança indiscriminada devido a conflitos com atividades de pesca (os botos danificam aparatos de pesca e roubam ou danificam o pescado preso em redes), aumento no tráfego de embarcações, perda e degradação de seus habitats, e construção de hidrovias e barragens.

Fontes: Instituto Araguaia, Observatório da Costa Amazônica (OCA)

Foto: Instituto Araguaia - divulgação