Na imagem invasores biológicos no Brasil. Da esquerda para a direita temos: pardal, pomba comum, javali, mosquito aedes aegipty, rato, coral-sol, mexilhão dourado, caracol gigante africano e o peixe-leão.
A globalização do comércio
e das viagens facilitou a disseminação de espécies não nativas por todo
o planeta. Algumas dessas espécies se estabelecem e causam sérios impactos
ambientais, econômicos e à saúde humana. Essas espécies são chamadas de invasoras,
e são reconhecidas como um dos principais impulsionadores da mudança da
biodiversidade em todo o mundo. Estes invasores podem ser vírus e bactérias,
fungos, plantas e animais. Alguns exemplos bem conhecidos são: na Austrália
mais de um milhão de camelos tornam o país o de maior população desses animais
e os coelhos importados da Europa tornaram-se uma praga e sua superpopulação
chega aos bilhões de exemplares que devastam zonas agrícolas no país. Na Alemanha existem mais de um milhão de
guaxinins, animais típicos do continente americano e que foram introduzidos na
década de 1930. No Brasil temos o pardal, o pombo comum, javali
europeu, o mosquito aedes aegipty entre muitos outros.
Números impressionantes de
invasores em cada país
Estes são só alguns exemplos, os
números são impressionantes de espécies invasoras que há em cada país. Nos Estados
Unidos mais de 6.500 dessas espécies nocivas e não nativas causam mais de
100 bilhões de dólares em danos a cada ano para a economia dos Estados
Unidos. Os efeitos dispendiosos incluem dizimação de safras, entupimento de
recursos hídricos e cursos d'água, transmissão de doenças humanas e animais
selvagens, ameaças à pesca, maior vulnerabilidade a incêndios e efeitos
adversos para fazendeiros e fazendeiros.
Em trabalho publicado neste ano
na revista científica Global Change
Biology, no número de 2 de agosto, uma equipe de pesquisadores franceses do
Centro Nacional de Pesquisa Científica – CNRS da sigla em francês- e da
Universidade de Paris-Saclay conseguiu mostrar que 11% da diversidade global
de aves e mamíferos está ameaçada por invasões biológicas. Sua capacidade
de se adaptar às mudanças ambientais pode, portanto, ser amplamente perdida
devido a invasões biológicas. O trabalho fornece uma melhor visão sobre o
futuro dos ecossistemas e a perda de certas espécies.
A importância da globalização
na disseminação dos invasores biológicos
A globalização levou a um
aumento na introdução de espécies fora de sua zona de distribuição natural. A
introdução das chamadas espécies invasoras leva a um declínio de certas
espécies locais: as invasões biológicas representam um dos mais
importantes fatores de perda de biodiversidade em escala global e o principal
fator em regiões insulares.
O trabalho confirma que, como
grupo, as aves são particularmente vulneráveis a invasões. De fato,
muitas aves, particularmente de regiões insulares oceânicas, são menos capazes
do que suas contrapartes continentais de adaptar suas estratégias a espécies
invasivas mais generalistas.
O exemplo citado no trabalho, é o
kagu (Rhynochetos jubatus), espécie emblemática da Nova Caledônia é
ameaçada principalmente pelo rato. Este pássaro não voa e se alimenta apenas no
solo. Portanto, é incapaz de se adaptar a um novo predador terrestre como o
rato
Essa pesquisa permite antecipar
melhor as perdas futuras de aves e mamíferos e as possíveis consequências nos
ecossistemas.