A importância da educação ambiental como política pública



 

As crises hídricas nas diversas cidades brasileiras tendem a se agravar. Previsíveis ondas de calor ocorrerão com maior intensidade nos próximos anos. A elevação da temperatura se torna realidade ano após ano em consequência do aquecimento global. Esse quadro provoca alterações em diversos ecossistemas afetando a biodiversidade e a saúde humana.

A ciência tem cada vez mais dificuldade em acompanhar os efeitos provocados pelas mudanças climáticas dado a rapidez que vem ocorrendo.  

A perspectiva da ciência cidadã

Uma perspectiva para diminuir as dificuldades encontradas pelos pesquisadores é envolverem os cidadãos através da ciência cidadã, entendida como um conjunto de atividades de coleta de dados naturais aberto a qualquer pessoa interessada no monitoramento de processos ambientais.

A integração de uma política pública de educação ambiental (EA) numa perspectiva de desenvolver a ciência cidadã contribuiria para o trabalho de pesquisadores em vários campos, particularmente no acompanhamento de processos biológicos em diversos ecossistemas.

Algumas administrações públicas alegam que fazem educação ambiental (EA). Contudo, as ações que desenvolvem, na realidade, são limitadas e pouco educam. Não contextualizam o problema, tampouco remetem a questões mais gerais, como o aquecimento global e as mudanças climáticas. Não aprofundam as explicações sobre os problemas ambientais focando numa abordagem científica.

Educação ambiental deve ser entendida numa perspectiva ampla, que promova mudanças pessoais e coletivas na busca de uma sociedade sustentável e solidária, incentivando para isso, a formação, a capacitação, a tomada de consciência sobre os problemas ambientais, no caso atual é urgente o envolvimento com a situação climática; a mudança de atitudes, a participação cidadã na tomada de decisões e a promoção de valores positivos.

A EA, portanto, deve ser entendida a partir da perspectiva local, como um caminho para a gestão sustentável dos municípios, sendo um eixo transversal a ser considerado na concepção de políticas que atenderão às necessidades econômicas, sociais e ambientais, respeitando ao mesmo tempo, a integridade cultural e os processos ecológicos essenciais, a biodiversidade e os sistemas que sustentam a vida.

A educação pública nas administrações municipais

A EA do ponto de vista das administrações públicas municipais, deve integrar o conjunto de políticas públicas para a melhoria da qualidade de vida de seus habitantes, deve ocorrer tanto em âmbitos formais (currículos da educação básica e média) quanto nos âmbitos informais, com a incorporação da questão ambiental no cotidiano e como política de Estado, privilegiando os processos globais, articulados com os temas locais, gerando abordagens inovadoras dos problemas e conflitos ambientais.

Não é isto que ocorre no enfrentamento dos problemas derivados do aquecimento global, no caso particular, a discussão sobre a crise hídrica. Não se mostra evidente a atuação dos governos na preparação dos cidadãos para o enfrentamento das formidáveis ondas de calor que se aproximam.

A falta de informações verdadeiras (ou completas), beira à irresponsabilidade pública, pois há um esforço global no enfrentamento dessas questões. O que está em jogo é a biodiversidade do planeta, incluindo a nossa própria existência.

A mudança de paradigma da educação ambiental

Desenvolver a EA numa perspectiva de ciência cidadã é uma mudança de paradigma necessária pois os processos ecológicos devem ser estudados numa perspectiva de racionalidade científica aproximando o cidadão do método de pesquisa adotado pelos pesquisadores.

Em todo o mundo existem milhões de pessoas envolvidas na observação de pássaros e insetos, identificando novas espécies e redescobrindo outras. São esses cientistas amadores que identificaram pela primeira vez espécies invasoras em muito lugares do mundo.

Governos em todos os níveis, ao não se envolverem com a questão ambiental, em particular no atual momento, com as mudanças climáticas e seus efeitos, é omitir a gravidade do problema e armar uma bomba relógio que explodirá num futuro próximo, afetando outras áreas da sociedade e prejudicando o desenvolvimento do país rumo a patamares mais sustentáveis.

A educação ambiental é arma poderosa que deve ser utilizada com maestria pelos governos. Trata-se sim de preservar nosso futuro comum. A educação ambiental no enfrentamento das crises ambientais é essencial. Sem participação não há política pública, só ações evasivas que visam a manutenção de interesses particulares.

Como citar o artigo: DIAS, R. A importância da educação ambiental como política pública. Poliseres. Campinas/SP, p. 1-2, 07 nov 2021. Link: A importância da educação ambiental como política pública (poliseres.com.br) DOI: 10.33053/dialogus.v11i2.704